MOTOR

Peugeot mostra que sabe fazer esportivos


Na Europa, seu continente de origem, a Peugeot é uma marca generalista com uma "queda" pela esportividade - principalmente em termos de design. Tradicionalmente a linha da marca francesa sempre abrigou cupês estilosos, conversíveis ousados e até hatches arrojados. Muitas vezes, esses modelos nem precisam ser acompanhados de grande capacidade dinâmica. O importante mesmo é o desenho. Foi exatamente com essa ideia que a Peugeot lançou mundialmente o RCZ em 2010. No fim do ano passado, ele chegou no Brasil para ser o único representante desta estirpe na gama local da Peugeot. E consegue fazer exatamente aquilo que se propõe. O desempenho nem é propriamente avassalador, mas o visual denuncia aos brasileiros toda a capacidade da Peugeot para adicionar "pimenta" aos seus automóveis.
 
O estilo é, sem dúvida, o principal atributo do modelo. A dianteira é quase idêntica ao resto da família 308, com os faróis estilo olho de gato, mas exibe uma grade mais pronunciada cheia de apliques cromados. O capô é marcado por um forte ressalto em formato de "V" que se junta sob o emblema da marca. De perfil, as linhas harmônicas são ainda mais claras. O RCZ é todo cheio de curvas, como os para-choques abaulados e os belos arcos de alumínio do teto. Atrás, as lanternas montadas nas caixas de rodas, o aerofólio retrátil e o inusitado teto com duas "bolhas" complementam o ar "fashion".
 
Evidentemente, um esportivo não pode viver de aparências e também precisa valorizar o conjunto mecânico. Para isso a Peugeot utilizou o aclamado motor 1.6 THP da família Prince, feito em parceria com a BMW. Para o Brasil, a escolha foi usar uma calibração intermediária do versátil propulsor. Ele desenvolve 165 cv a 6 mil giros e 24,5 kgfm de torque a 1.400 giros. Na Europa, ele também é vendido na variante mais forte do THP, com 200 cv e 28,0 kgfm. Por aqui, só há também uma opção de transmissão: uma automática de seis velocidades. A plataforma não é uma novidade: o cupê é feito na base do hatch médio 308 - que no Brasil também está no sedã 408.
 
Mesmo sendo o carro mais caro da gama da Peugeot no Brasil, a lista de equipamentos do RCZ não se destaca nem mesmo em relação a outros carros da marca aqui. Existem airbags frontais e laterais, ABS com auxílio de frenagem e controles de estabilidade e de tração como itens de segurança praticamente uma exigência hoje em dia. Entre os de conforto, rádio/CD/MP3/USB/Bluetooth, sensor de luminosidade e retrovisores eletricamente rebatíveis se destacam. Pouco para um carro de quase R$ 140 mil. Um belo diferencial é o acabamento interno, de excelente qualidade.
 
Dessa maneira, a Peugeot entrou no pouco povoado segmento brasileiro de cupês, em outubro, com preço de R$ 139.900. Naquela época, os principais rivais ficavam bem fora de preço. Eram os alemães Audi TT, BMW Z4, Mercedes-Benz SLK e até o Chevrolet Camaro, todos com preços que rondam os R$ 200 mil. Quase simultaneamente chegou o concorrente mais próximo em proposta, mecânica e preço do RCZ, o Mini Coupé. Com o mesmo motor sob o capô, mas com 184 cv, desenho despojado e preço de R$ 139 mil, a briga é clara.
 
As vendas do RCZ mostraram oscilações, devido principalmente ao IPI. Quando chegou, teve preço anunciado de R$ 139.900, mas o adiamento do início do aumento da tributação sobre os produtos importados fez a Peugeot diminuir o valor em R$ 10 mil. Assim, as vendas superaram as 40 unidades mensais, acima da expectativa inicial. Neste ano, já com o imposto tarifado e o preço cheio, as vendas caíram para 26 em janeiro, 18 em fevereiro e 17 em março. Uma queda que não desanima a Peugeot. A marca já confirmou dois novos carros com proposta esportiva para 2012 no Brasil. O 308 CC chega ainda no primeiro semestre, enquanto o 308 THP começa a ser vendido em outubro, depois do Salão de São Paulo. (por Rodrigo Machado - Auto Press)