ELEIÇÕES

Iara Bernardi (PT)

Cruzeiro do Sul - Qual será a principal marca do seu governo?
Iara Bernardi - Transparência, democratização das decisões, consulta à população e uma administração eficiente, com planejamento e seguindo principalmente as legislações e projetos nacionais, fazendo com que isso traga recursos para a cidade, como o plano nacional de educação e o plano nacional de mobilidade urbana. Sorocaba se adaptará a essas ações nacionais para que a gente possa ter projetos e recursos do Governo Federal para nossa cidade.

Como se dará efetivamente essa participação da população em sua administração?
Quando eu digo que vamos ter um plano municipal de ação adaptado às metas nacionais é evidente que a população terá que participar com suas entidades representativas. Como acontecerá no plano municipal de mobilidade urbana, seguindo as metas nacionais. Só pode acontecer isso com participação, por meio de consulta, ouvindo o que a cidade quer e precisa, com decisões democratizadas e socializadas, com quem convive com os problemas e com as ações do governo municipal.
Com muitos carros nas ruas, o trânsito é um dos principais problemas da cidade. Qual é a sua ideia de solução? A senhora pretende dar prioridade ao transporte coletivo, isto é, aos ônibus e terminais urbanos? Ou pretende dar prioridade ao transporte particular, isto é, ao automóvel? Numa situação ou na outra, que medidas a senhora planeja tomar?
Eu tenho sido entrevistada em outros momentos e me perguntam o que vou fazer pelo trânsito e o que vou fazer pelo transporte coletivo. Eu não consigo entender uma ação não ligada a outra. Para mim, o trânsito e o transporte coletivo são a mesma coisa. Não consigo entender que Sorocaba hoje tenha um plano de trânsito e transporte coletivo. As ações são completamente descasadas e não se combinam. Temos os terminais construídos na década de 90 que ainda levam todo o trânsito para o centro da cidade, os miniterminais dos bairros que não servem para interligar nada com nada, obras do Sorocaba Total que não ligam a zona norte à região do Cerrado, que é uma das reivindicações mais antigas da cidade. Não consigo entender o incentivo às bicicletas sem que se tenha dado um incentivo a elas. Uma cidade que não tem gestão em tecnologia de transporte. Não consigo entender por que Sorocaba não se modernizou. A única intervenção significativa que a gente teve no trânsito de Sorocaba foi na década de 90, quando houve a construção do terminais. Depois disso nada se modernizou. Coloca-se um semáforo temporizador no Cerrado e não se coloca no resto da cidade. O que a população hoje mais reclama no bairros? Que o transporte de ônibus é caro e ineficiente. A pessoa toma um ônibus e dali três pontos ele já não para mais porque está lotado. A cidade cresce e não se coloca mais ônibus e a linhas são estendidas. Nós temos que ter em Sorocaba (e isso é obrigatório, pois temos que estar alinhados com a política nacional) um plano municipal de mobilidade urbana. Pois isso integraria o trânsito, o transporte coletivo, as bicicletas e quem se movimenta pelas calçadas, que em Sorocaba são terríveis. A nossa intervenção seria muito clara. Casar o projeto de transporte coletivo eficiente, com o congelamento das tarifas, como fez o prefeito Pivetta, em Votorantim. Penso num projeto de trânsito e transporte coletivo integrado com a cidade de Votorantim, que isso já se faz imprescindível, com integração tarifárias. Que os terminais nos bairros sirvam realmente de integração tarifária entre os vários pontos da cidade, rever essa questão do transporte coletivo ser todo direcionado para o centro da cidade. Fazer ligações entre a zona norte e oeste da cidade. Eu moro no Ipatinga e se quiser ir para a zona norte tenho que vir para o centro da cidade, seja de ônibus ou de carro. A questão das calçadas para mim é extremamente importante. Não há fiscalização. Cada um constrói a sua casa e o projeto não é integrado com a calçada. Temos alguns bairros com escadarias que impedem que os idosos caminhem, que as crianças caminhem, que as pessoas possam usar as calçadas. E muita gente anda a pé e as calçadas são verdadeiros obstáculos. Um plano municipal de mobilidade urbana tem que casar tudo isso. Estamos pensando, inclusive, nessa questão séria que é a fiscalização, pois as casas são construídas hoje sem essa fiscalização quando se dá o Habite-se, no que se refere a essa integração da calçada e a entrada do carro. E sei que teremos mais automóveis nas ruas e as pessoas têm direito a isso, pois elas têm salário, têm emprego e querem ter o seu carro. Mas aquilo que o cidadão faz, em qualquer país civilizado, de todo o dia no mesmo horário ter que usar o transporte coletivo. É isso que nós vamos incentivar na cidade. Tendo um transporte coletivo eficiente, tendo corredores de ônibus, fazendo com que os ônibus andem mais rápido que os automóveis. Que a pessoa possa optar por um transporte coletivo eficiente e usar o seu automóvel para aquelas coisas que não são do dia a dia, como ir a um passeio, supermercado, ao cinema. O que se faz todo dia tem que ser com o transporte coletivo. As pessoas que vão para a Europa andam de metrô, de ônibus, de bonde, de trem e acham tudo bonito. Aqui parece que há uma parcela da população que usa o transporte coletivo e outra parcela que só usa o seu carro. Isso não pode mais acontecer. Sorocaba tem que se modernizar e oferecer um transporte coletivo decente e um trânsito organizado, com gestão em tecnologia e modernidade. A Urbes para mim hoje é um órgão esvaziado, que não tem poder e nem planejamento para a cidade.
Esses planos de mobilidade urbana podem esbarrar numa dificuldade de Sorocaba, que é uma cidade antiga, com ruas estreitas, principalmente na área central e imediações. Como a senhora pretende conjugar esse plano dentro dessa realidade física?
Como qualquer outra cidade do Brasil. Eu não consigo entender hoje o planejamento da cidade. As obras do Sorocaba Total vão culminar com o transporte coletivo? De que maneira? Que tipo de planejamento a Prefeitura propõe? Ou ele não existe? Nós temos que diminuir o número de ônibus e o trânsito do centro da cidade. Não necessariamente todos têm que vir aos terminais. Temos que repensar os terminais. Como vou ligar Sorocaba com Votorantim? A linha férrea pode ser utilizada minimamente para uma ligação entre Sorocaba e Votorantim? Tudo isso tem que ser pensando, mas dentro de um planejamento. Principalmente a modernidade e gestão em tecnologia. O que hoje a Urbes não tem. É a Secretaria de Transporte, é a Urbes, quem controla a questão do transporte hoje na cidade? Nem isso nós sabemos.
As vagas em creches não têm sido suficientes para atender à demanda da cidade e isto tem causado transtornos para crianças, preocupação para os pais, uma demanda de ações judiciais e levado os professores a um clima de tensão. Como a senhora pretende resolver esse problema?
Deixo claro que a minha administração será uma administração parceira da presidente Dilma (Rousseff) e será também uma administração parceira nas metas nacionais. O Congresso está votando um Plano Nacional de Educação para estabelecer o que o Brasil vai fazer na área da educação na próxima década em parceria com a União, os Estados e os municípios. E Sorocaba não vai ficar de fora, pois Sorocaba não é uma ilha. No caso das creches, eu falo concretamente porque eu vivi este tema, pois fui representante do Ministério da Educação de 2007 a 2010 em São Paulo. Sorocaba fazia parte de um grupo de cidades acima de duzentos mil habitantes que eram prioritárias para o MEC (Ministério da Educação e Cultura) nas mais variadas ações, como combate ao analfabetismo e todas as metas do plano de desenvolvimento da educação que o ministro Fernando Haddad apresentou em 2006 para o país. Na questão de Sorocaba, a cidade fazia parte de um grupo prioritário para a construção de creches e pré-escolas. O MEC investiu, pois sabia que as Prefeituras não estavam conseguindo a atender a demanda de vagas para a educação infantil. Sabia, por exemplo, que cidades menores nem engenheiros têm. Então o Ministério apresentou o programa Pró-Infância e desde que a Prefeitura apresentasse concretamente a demanda por vagas em creche e um terreno adequado, havia o financiamento para a construção de creches e pré-escolas, principalmente para essas cidades do grupo prioritário. Por três anos eu questionei e cobrei a Secretaria da Educação, porque eu participava dessas reuniões em Brasília com as cidades planejando o seu crescimento. E Sorocaba simplesmente não fez convênio. Cito um exemplo: São Carlos, que é uma cidade com a metade da população que a nossa, ganhou 12 creches. Sorocaba só aderiu ao programa Pró-Infância depois que o Ministério Público fez uma intervenção na cidade e fez um termo de ajuste de conduta com a Prefeitura, quando a situação ficou e é dramática ainda. Os governos de Renato Amary e Vitor Lippi pararam de construir creches para atender o crescimento da demanda. Construíram uma ou duas, mas nada que absolutamente tivesse um planejamento para atender a demanda que Sorocaba tem hoje, principalmente de mães trabalhadoras e seus filhos. É uma política pública extremamente importante. Na medida que se fez o convênio agora, com a intervenção do Ministério Público, Sorocaba ganhou dez creches. Poderia ter ganho 20 creches financiadas pelo Governo Federal por meio do programa Pró-Infância. Então veja que essa política de fazer oposição aos programas federais prejudica demais a cidade. Prejudicou as crianças, as mães trabalhadoras e a cidade perdeu recursos com isso. No caso das vagas em creches, primeiro nós precisamos de um censo educacional. As creches devem ser construídas no Centro, para as mães trabalhadoras, ou nos bairros onde se têm maior necessidade? Sorocaba não tem um censo para saber a demanda e não é apenas disso. Eu dou um exemplo: quando uma mãe vai para uma creche pedir uma vaga e se responde que não tem, nem sequer se fazia uma lista para saber a procura naquele bairro. Isso foi acordado em uma audiência pública na Câmara Municipal, que o vereador Izídio (de Brito ) chamou, cobrando da Prefeitura. Se nem se faz uma lista das mães que procuram, como se sabe a demanda de um bairro? Porque a escola é obrigatória hoje e tem que oferecer uma vaga. E a creche? A creche se tem que atender a demanda e a Prefeitura nem isso fazia. Então reafirmo que nós vamos atender, fazendo um censo educacional, não apenas para isso, mas para se ter uma ideia concreta das necessidades da educação na cidade e atender a demanda em creche com recursos federais.
E como ação emergencial, o que a senhora pretende fazer? Já que essa é uma questão urgente e a realização de um censo poderia demandar algum tempo?
O censo é rápido. A questão emergencial está sendo atendida. O Governo Federal está financiando a construção de dez creches para a cidade. Como disse, poderiam ser vinte ou mais, segundo a necessidade da cidade de Sorocaba e de sua população. Emergencialmente, será a construção dessas dez creches, depois tirarmos o atraso em relação a esses 16 anos que existiram aqui de administração do PSDB.
Na área da saúde, a Prefeitura mantém um Pronto-Socorro Municipal em parceria com a Santa Casa. A senhora pretende manter essa parceria ou tem planos de modificações? E quais são os seus planos para a rede municipal de saúde como um todo?
Às vezes não fica claro para a população as responsabilidades depois que a Prefeitura assumiu a gestão da saúde em Sorocaba na década de 90. O atendimento na rede básica de saúde e de urgência e emergência é de responsabilidade da Prefeitura. A Santa Casa acabou assumindo uma demanda que ela não comporta mais hoje. Nós não podemos usar de forma integral o Conjunto Hospitalar porque ele não é nosso. Ele é do Estado e passa por problemas de gestão seríssimos e atende mais de 50 cidades. A Santa Casa passou a ser quase o hospital municipal. Temos vagas para expandir, principalmente de leitos, no Hospital Evangélico, no Hospital Santa Lucinda (de pediatria) e o Hospital do Gpaci também tem vagas de UTI infantil para oferecer. Então, a Prefeitura tem que expandir isso. No nosso projeto está muito claro que vamos trabalhar na construção e gestão de um Hospital Municipal. Agora, o essencial hoje na cidade é que a rede básica de saúde funcione. É terrível hoje uma situação de postos de saúde esvaziados. Quando terminou a gestão de 1996 na cidade, nós tínhamos 22 postos de saúde e uma população de cerca de 300 mil habitantes. Hoje estamos em 2012 e a cidade construiu nesses 16 anos, oito postos de saúde. No mínimo, 16 unidades deveriam ter sido construídas. Eu acompanhei como vereadora a gestão da saúde, meu marido trabalha na rede básica, e eu me lembro que os postos de saúde tinham equipes, inclusive de visitadores que iam às casas para saber por que a pessoa não aparecia para consulta. Quando as pessoas eram atendidas no mesmo dia. A rede municipal tinha isso. Quando os programas funcionavam na rede básica. Por que a cidade cresceu (o orçamento vai chegar em breve para R$ 2 bilhões) e a saúde piorou tanto? Isso é incompetência administrativa. As administrações anteriores prometeram, e isso muitas vezes levou até a vitória dessas pessoas à Prefeitura, o programa Médico da Família. Isso nunca foi implantado. Nós queremos equipes atendendo nos bairros, casadas com projetos de saúde, equipamentos nos postos, melhores salários para os médicos, senão teremos postos de saúde esvaziados. Hoje os médicos não trabalham mais na cidade, porque são os salários mais baixos da região. Melhorando os salários da equipe de saúde, nós teremos os postos funcionando em sua plenitude. Aumentar os convênios, além da Santa Casa, porque hoje ela está super lotada e não comporta o atendimento que tem. O futuro Hospital Municipal de Sorocaba, gerido de uma forma competente, e ampliar o leitos imediatamente, além da Santa Casa, com o Hospital Evangélico, Gpaci e Hospital Santa Lucinda, que têm possibilidade de atender imediatamente essa demanda de leitos em Sorocaba.
A saúde é uma área em que os custos são muito altos e a implantação de projetos requer recursos astronômicos. O que a senhora pretende fazer? Contar somente com orçamento municipal para isso?
São Bernardo do Campo tem um Hospital Municipal, que é do próprio município e gerido pela região, e está construindo o segundo com recursos federais. Nós queremos da mesma forma parceria com o Governo Federal, com o Ministério da Saúde, e as metas nacionais sendo cumpridas na nossa cidade também. Nós não podemos esquecer que a cidade terá um orçamento de quase do R$ 2 bi, que se bem administrado (a gente não vê gestão hoje, com o pessoal da saúde extremamente descontente, com assédio moral, perseguições e salários baixos) e uma boa gestão trará uma diferença significativa na saúde em Sorocaba.
Diversos processos contra a administração municipal decorrem de descumprimentos da Lei de Licitações. A senhora vai cumprir rigorosamente a Lei das Licitações? Ou entende que em certos casos o prefeito pode usar o direito de não cumprir a lei para atingir os seus objetivos?
Não é possível abrir mão da Lei das Licitações, mas outras questões podem ser geridas pela cidade. Eu dou como exemplo a compra de material escolar. A cidade de Votorantim resolveu esse problema com o uniforme e material escolar. Passando essa responsabilidade para os pais, com um cheque e recursos para que eles comprem na cidade esse material. Eu recebi uma demanda das papelarias de Sorocaba, de que elas ficam às moscas, na medida em que fazem uma licitação imensa para a compra de materiais escolares que não chegaram nas escolas até agora, quando essa demanda poderia estar sendo atendida, dando uma possibilidade para que o comércio local se movimentasse com recursos do orçamento municipal. Esse é um exemplo. Você não foge da Lei da Licitação, favorece o comércio local e dá uma responsabilidade aos pais em relação ao uniforme e material escolar. A merenda da mesma forma. A Prefeitura não cumpre a legislação de comprar uma parcela de produtos de nossos agricultores da região. São exemplos de que se pode, sem burlar absolutamente a Lei da Licitações, que será cumprida, atender a demanda de uma forma muito mais eficiente. Citei dois exemplos, uniforme e material escolar e a questão da merenda, que podem favorecer o comércio e empreendedores locais com nossos recursos.
O que se critica muito é a falta de agilidade do processo licitatório, principalmente em situações emergenciais. Como contornar essa questão?
A Lei das Licitações é a mesma para todos os municípios do Brasil. Tem o pregão eletrônico, a possibilidade de incentivar cooperativas, que na área do lixo e reciclagem é extremamente eficiente. Nós queremos incentivar os empreendedores locais, não só fazermos grandes licitações, mas aquelas que possam favorecer nossos empreendedores aqui. A coleta seletiva é uma delas. Nós vamos incentivar as cooperativas. Da mesma forma se dá em relação à responsabilidade da coleta do lixo em Sorocaba. A cidade não tem, que eu saiba, um planejamento cumprindo a legislação da política nacional de resíduos sólidos, pois a ela não se adaptou, portanto não vai receber recursos federais. Não tem um plano de mobilidade urbana, portanto, não vai receber recursos federais nesta área. Sorocaba perde muito quando faz oposição ao Governo Federal. Perde projetos, perde ações, perde recursos e a população perde bons projetos que deram certo em todo Brasil e por oposição política não estão presentes na cidade. Minha Casa Minha Vida é um deles, em que a população poderia ter muito mais moradia popular para a população de baixa renda e não tem, porque a cidade não vai atrás desses projetos. Dou outro exemplo: recursos do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). Nós fomos atrás de empréstimo no exterior, do Pacto Andino, em dólares, para fazer um projeto de mobilidade urbana, que se fala Sorocaba Total, quando poderíamos ter ido atrás da Caixa Econômica Federal, de recursos com PAC, que poderia financiar em reais esse projeto de uma forma muito mais favorável às finanças de Sorocaba, do que esse empréstimo que fizemos fora, em dólares, sendo que quando foi feito (a cotação) era R$ 1,60 e agora está a mais de R$ 2. E quem vai pagar é a próxima administração. As obras não terminaram e o recurso acabou. Sorocaba vai ficar de pernas pro ar se essas obras não terminarem até o ano que vem. Até se resolver essa questão de um novo empréstimo. Vejo que essa oposição ao Governo Federal prejudica muito a nossa cidade.
A senhora vai continuar a política de atração de mais investimentos para Sorocaba? Ou poderá reavaliar esta política diante da necessidade de preservar a qualidade de vida do município? Há cidades que cresceram muito e pagam um preço alto por isso. O crescimento de Sorocaba merece reavaliação ou tem que continuar a qualquer custo?
Evidentemente que nós temos que ter - e não é uma questão retórica - um desenvolvimento sustentável. O meu trabalho de mestrado na Universidade Federal de Sorocaba foi a questão da preservação da nossa fonte de abastecimento, que é a represa de Itupararanga. É uma questão seríssima, que não está sendo dada importância, devido a isso. Sorocaba cresce, a cidade se expande, as pessoas vêm trabalhar pra cá, nossa população cresce dia a dia e nós teremos água no futuro? As nossas fontes de abastecimento (próprias), que é o Rio Pirajibu e o córrego Ipaneminha, absolutamente não dão sustentação para o nosso futuro. A represa de Itupararanga sofre com ações estaduais, que envolvem a Sabesp, que não trata do esgoto das cidades do entorno da represa e o descumprimento da legislações ambientais. Não tem uma política de Estado de preservação da nossa represa e nós temos um futuro comprometido. Eu sou velha de Sorocaba, fui vereadora na década de 80, e pude acompanhar o crescimento da cidade quando recebemos na época a zona industrial. Atraímos trabalhadores de todo Brasil, que vieram pra cá trabalhar nas fábricas e Sorocaba não tinha infraestrutura para recebê-los. Foi aí que apareceram as primeiras ocupações, as favelas em Sorocaba. Não havia escolas, não havia atendimento da rede básica de saúde, não havia transporte coletivo para os bairros que se expandiram. Os projetos habitacionais eram somente de empreendedores particulares. E eu vejo que essa fase se repete hoje. Os aluguéis estão caríssimos em Sorocaba e aumentam cada vez que a Toyota se manifesta. Uma edícula de três cômodos no Éden hoje custa R$ 600. Onde estão os projetos de habitação popular que essa cidade merece, em que milhares de famílias se inscreveram na Prefeitura e não têm? Como você acompanha o crescimento da cidade com transporte coletivo eficiente e uma rede básica de saúde que atenda a todos? Nós não estamos preparando nossa cidade para esse crescimento, absolutamente. Eu vejo que nós estamos num limiar em que a cidade cresce para o bem ou para o mal, com os problemas de cidade grande, ou nós teremos um planejamento com crescimento sustentável. A questão da água, do transporte coletivo, da mobilidade urbana, da rede básica de saúde atendendo de forma eficiente e habitações populares. A cidade gera empregos, mas tem que dar infraestrutura para quem vem para cá, para a população trabalhadora que está aqui. Não vejo a cidade estar sendo preparada para isso. Nós estamos pensando num desenvolvimento sustentável, que inclui todos esses pontos, dentro de um planejamento de crescimento, a serem atendidos de forma eficiente pela Prefeitura Municipal e, evidentemente, com parcerias.
O cumprimento dessas metas, dentro da explanação que a senhora fez, não é muito grande para uma administração de quatro anos? Neste período, o que a senhora pretende fazer dentre todas essas ações que elencou?
Olha, tendo competência, vontade política e um projeto para a cidade. Eu me baseio na eficiência e na transformação que o governo Lula fez em oito anos. Eu fui deputada federal nos últimos quatro anos do governo de Fernando Henrique Cardoso e os primeiros quatro anos do governo Lula. Eu pensava assim: meu Deus, os problemas são tantos, as privatizações foram tantas no Brasil, que nós vamos levar vinte anos para colocar esse país no rumo. E o presidente Lula com decisão política, com um programa de governo construído e cumprido - e que está sendo cumprido até hoje - conseguiu eleger a sua sucessora, presidente Dilma. Assim como foi no Brasil, com o presidente Lula, se consegue fazer as mudanças que a cidade precisa. Mudanças significativas que deram reconhecimento internacional ao nosso país e à nossa política econômica. A geração de emprego, as oportunidades que foram dadas para o povo brasileiro de ter consumo, de comprar coisas que nunca tinha conseguido adquirir. Eu tenho uma experiência de trinta anos de atuação política e de atuação pública. Desde a fundação do PT, como sindicalista, vereadora por 14 anos, 8 anos como deputada federal, trabalhei os temas nacionais, conheço as políticas nacionais, ajudei a escrever os programas que foram e estão sendo implementados pelo presidente Lula e a presidente Dilma. Veja que um bom programa como nós estamos fazendo, com consulta, com participação, estão prevendo esse futuro planejado pra nossa cidade. Desde que esses problemas que foram atentados aqui - que eu citei, que teriam que ser atacados para um desenvolvimento futuro sustentável para a nossa cidade - sejam cumpridos. Em todas essas áreas que eu citei. Não vejo que nós não iríamos conseguir isso. A cidade tem que se planejar senão ela vai seguir para aqueles problemas que uma cidade grande tem, que é a segurança, um rio que enche (por ser um rio muito ofendido), o trânsito e transporte coletivo caóticos. São problemas de cidade grande e que Sorocaba não merecia e não vai ter se nós tivermos uma administração eficiente, competente e com gestão em tecnologia, como nós estamos pretendendo, com participação popular efetivamente. Eu quero reafirmar que a nossa administração será uma administração parceira das metas nacionais e do governo da presidenta Dilma. Entendo claramente hoje que em cada Ministério você tem políticas nacionais que se integram com os Estados e com os municípios. E os municípios que não fizerem o seu planejamento vão ficar de fora, vão perder recursos, vão perder programas importantíssimos que estão dando certo no resto do Brasil e eu não quero isso para a cidade de Sorocaba. Então deixo claro que será uma administração parceira da presidenta Dilma e parceira da metas nacionais que esse país tem, merece e precisa. E para a cidade de Sorocaba da mesma forma. *Assista ao vídeo com a entrevista da candidata Iara Bernardi (PT) no portal www.cruzeirodosul.inf.br , a partir das 15h de hoje