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Diniz não comanda mais o Galo


O Atlético Sorocaba demitiu o técnico Fernando Diniz ontem, três dias após a eliminação da equipe na Copa Paulista. A dispensa ocorreu pela manhã, numa reunião da diretoria com o treinador. Nenhum diretor do clube falou com a imprensa -- apenas uma nota oficial foi publicada no site do Atlético. Já o treinador disse não concordar com a decisão. "A diretoria do Atlético Sorocaba decidiu mudar o planejamento para o Campeonato Paulista da Série A1 de 2013", diz a nota. O texto informa ainda que a diretoria agradece ao treinador pelo trabalho, mas decidiu "buscar nova forma de trabalho". Além de Diniz, foram dispensados o preparador físico Wagner Bertelli, o auxiliar técnico Anísio Menezes e o fisioterapeuta Luciano Moreira Rocha.

Contratado no final do ano passado, o treinador levou o Atlético ao acesso para a Série A1 do Campeonato Paulista. Seu contrato foi renovado para o segundo semestre, quando o time disputou a Copa Paulista e a expectativa era de que ele permanecesse no comando da equipe em 2013. Fernando Diniz dirigiu o Atlético em 45 jogos (25 no Campeonato Paulista da Série A2 e 20 na Copa Paulista). Foram 24 vitórias, oito vitórias e 13 derrotas -- aproveitamento de 59,26%.

A saída do treinador acontece logo depois da pior sequência de resultados do time no ano: cinco partidas seguidas sem vitória, que culminaram na eliminação ao final da segunda fase da Copa Paulista. Curiosamente, porém, mesmo com o fiasco na segunda fase da Copinha, o aproveitamento de Diniz no segundo semestre foi apenas 1,67% menor do que na primeira metade do ano. Na vitoriosa campanha que culminou no acesso para o Paulistão, o Atlético teve 60% de aproveitamento: 14 vitórias, três empates e oito derrotas. Na Copa Paulista, o aproveitamento foi de 58,33%: dez vitórias, cinco empates e cinco derrotas.

Desgastado

A demissão de Fernando Diniz não foi motivada apenas por questões técnicas. Além da decepção com a campanha na segunda fase da Copa Paulista, a diretoria estaria descontente com o estilo de trabalho do treinador. Conhecido por seu jeito explosivo à beira do campo, Diniz foi expulso três vezes ao longo do ano, todas por reclamações acintosas contra a arbitragem. As suspensões o deixaram fora de cinco partidas, equivalente a 11,11% do total de partidas atleticanas na temporada.

Nos bastidores, houve desgaste entre o treinador e pessoas do clube. A maneira como ele tratava os jogadores, com críticas excessivas e recheadas de palavrões durante os treinos, era um dos motivos que desagradavam. A política do treinador de fechar todos os treinos também pode ter pesado em sua demissão. Fernando Diniz impedia a imprensa de assistir aos trabalhos e permitia que fotógrafos e cinegrafistas registrassem apenas imagens do aquecimento dos jogadores. Num dos últimos treinamentos na reta final da Copa Paulista, ele ordenou, aos gritos, que o assessor de imprensa do clube retirasse os repórteres que estavam à beira do gramado. Sem que a imprensa registrasse os treinamentos, as marcas dos patrocinadores pouco apareciam na mídia.

Depois de ser comunicado pela diretoria de sua demissão, Fernando Diniz despediu-se de alguns atletas que estavam no CT Fazenda Ipê. Ainda ontem, o Atlético dispensou os jogadores cujos contratos encerram-se entre outubro e novembro. clube começa agora a negociar a contratação de um novo treinador. Nove atletas seguem com contrato com o Galo e ganharam folga a partir de ontem: Felipe Alves, Fábio Gomes, Henrique, Fernando Miguel, Helton Luiz, César, Bruninho, William e Romarinho.

"Não tem nenhum fundamento"

Apesar de a nota oficial publicada no site do Atlético Sorocaba informar que a saída de Fernando Diniz ocorreu "em comum acordo" entre ele e a diretoria, o técnico deixou clara sua insatisfação com a decisão. Ontem, em entrevista ao repórter André Fazano, da Cruzeiro FM, ele afirmou não haver motivo para sua demissão. "Uma coisa que não tem nenhum fundamento", disse.

Segundo o treinador, a justificativa apresentada pela diretoria para tirá-lo do cargo foi a má campanha na segunda fase da Copa Paulista. "Eu acabei sendo avaliado por esses jogos. É a mesma coisa do Abel Braga ser campeão brasileiro pelo Fluminense e no ano que vem fazer uma primeira fase excelente no Campeonato Carioca, depois perder três jogos e ser mandado embora", afirmou.

Apesar das críticas aos diretores e da surpresa pela demissão, Diniz disse não guardar mágoa "de nada e nem de ninguém" do clube e avalia positivamente sua trajetória no Galo. "As regras estabelecidas com a diretoria foram todas cumpridas. O Atlético me contratou quase que exclusivamente para ter o acesso (à Série A1) e conseguimos. Eu entreguei os resultados daquilo que me foi proposto."