Especialista em óperas, Tullio Colacioppo faz balanço da carreira e pensa em novos projetos
Maíra Fernandes
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Dentro de um ano e meio, o maestro Tullio Colacioppo completará 80 anos de vida. Mas a lembrança recorrente da data pelo maestro não é para avaliar a passagem do tempo e sim para pontuar as coisas que quer ver e fazer ainda na vida. Especialista brasileiro em óperas, o renomado maestro, que dirigiu a orquestra do Theatro Municipal de São Paulo durante 43 anos, de 1961 até 2004, ainda percorre o mundo apresentando sua arte, encantando plateias e formando outros tantos profissionais ao redor do globo. Por isso mesmo, sonha com o dia em que o Brasil valorizará mais a formação e as apresentações de músicas clássicas. Para ele, há bons profissionais no país, mas ainda são muito poucos. "Os poucos que existem são ótimos, mas precisaria multiplicar esse número por 20 mil", exemplifica.
Em visita recente ao jornal Cruzeiro do Sul e ao presidente da Fundação Ubaldino do Amaral (FUA), Laelso Rodrigues, seu amigo de longa data, o maestro relembrou sua tragetória na música, que acabaram levando-o às óperas, que já regeu em cerca de 180 países.
"Sou regente especialista em ópera", informa orgulhoso o homem que começou ainda jovem a tocar instrumentos, mas acabou na regência por um golpe do destino. "Comecei no piano com seis anos, aos doze comecei a tocar violoncelo, mas aos quinze anos perdi as pontas do dedo em um acidente", conta. Como não conseguiria mais tocar violoncelo, para incentivá-lo, o pai pediu para concluir o curso de música e aprendesse clarinete, instrumento que seria possível após o acidente. "Isso me deu uma formação em instrumentos de arco e sopro, e acabei desenvolvendo mais a parte teórica, composição e regência", lembra.
Ainda muito jovem começou a colher os frutos dos estudos e venceu importantes concursos como um para reger no Municipal, e também foi convidado para se aperfeiçoar em Roma, na Itália, convivendo e aprendendo com importantes nomes como Goffredo Petrassi, Fernando Previtali e Tullio Serafin, com quem trabalhou na Ópera de Roma. "Peguei grande experiência em ópera", reconhece.
A experiência na Itália foi o grande divisor de águas da vida do maestro, que se especializou em ópera. E quando voltou ao Brasil, mesmo à frente da Orquestra Sinfônica do Theatro Municipal de São Paulo por mais de quatro décadas, viajou o mundo regendo óperas. "Nesse tempo, regi em 173 países. Quarenta músicas do grande repertório sinfônico estão sob meus domínios", orgulha-se o maestro paulistano, que começou como assistente e hoje ministra masterclass de regência de obras de Stravinsky, Strauss, mundo afora.
Mas não é de se espantar com o currículo e com os feitos do maestro que para chegar a tal nível de excelência, tem uma dedicação exclusiva: passa 800 horas estudando ópera e antes de reger são 600 horas de ensaio, ao todo são 1.400 horas de dedicação do maestro para reger "de cor", títulos de compositores famosos como Puccini, Verdi, Donizetti, Bellini, Rossini, Carlos Gomes, Wagner, Mozart, entre outros.