ELA

70% das pessoas sofrem por afecções no pé

Telma Silverio
[email protected]r
Atire a primeira pedra quem nunca teve dores nos pés alguma vez na vida. Apesar de nos aguentarem o dia todo e nos levarem para todos os lugares, muitas vezes não pensamos na saúde deles e não lhes damos a devida atenção. Experimente calcular quantos passos você dá por dia. Pense na força que emprega e no peso que seus pés carregam diariamente. Não podemos esquecer das possíveis alterações em função do avanço da idade. É preciso lembrar, ainda, dos calçados inadequados (apertados ou de salto alto) que usou ou costuma usar. Agora consegue imaginar o resultado e o porquê das dores e de vários problemas que acometem essas extremidades tão importantes do nosso corpo?
Embora exista um especialista que auxilia na saúde e cuidados dos pés, a maior parte das pessoas não sabe ou até desconhece a verdadeira função desse profissional que é o Técnico em Podologia. A coordenadora do Instituto de Podologia e Saúde de Sorocaba (Ipods), Clarice Nunes Bramante, afirma que a área é pouco conhecida, sendo associada à estética e beleza quando, na realidade, está ligada ao tratamento preventivo. O técnico em Podologia está capacitado para identificar afecções e disfunções que acometem os pés. É responsável por selecionar e executar procedimentos podológicos em diferentes doenças, além da avaliação, proteção, promoção e reabilitação dos pacientes, esclarece ela.
A podóloga informa que o profissional atua, inclusive, com a parceria de especialistas de diferentes áreas da Medicina como Ortopedia, Vascular, Dermatologia, Fisioterapia, Geriatria, entre outras. Apesar da falta de informação, tanto a demanda de pacientes quanto de profissionais tem sido crescente, observa. Sua atuação é realidade em clínicas de estética, spas, hotéis, clubes, academias, casas de repouso, exemplifica. Para justificar a procura e mercado ela cita estimativas da Associação Brasileira de Medicina e Cirurgia do Tornozelo e Pé (ABTPé): 7 de cada 10 pessoas têm problemas ou dor em alguma extremidade do corpo, causada por enfermidades no pé.

Problemas mais comuns

Ao sentir dores nos pés, na maioria das vezes, as pessoas tentam, elas mesmas - inclusive de maneira errada e arriscada - resolver o problema, ou então acionam alguém não qualificado para a tarefa. Isso ocorre por simples falta de informação ou desconhecimento, observa Clarice. Os problemas mais conhecidos e comuns dos pés, segundo ela, são: unha encravada e infeccionada, calos, calosidades (atritos provocados por calçados apertados, má postura ou andar incorreto), correção de unhas e fissuras (rachaduras no calcanhar). As situações citadas podem ser prevenidas e cuidadas pelo profissional que, caso perceba alguma gravidade e risco, deve encaminhar para um especialista, adianta.
Clarice revela que 6 de cada 10 pacientes que procuram pelo podólogo reclamam de unha encravada. Entre as causas mais comuns - quando envolve mulher - está o corte incorreto das unhas, e - quando homem - no uso de calçados muito baixos e com bico fino (comprime demais os dedos). Sapatos apertados ainda podem formar bolhas e calos, alerta. A podóloga informa que a maior parte dos pacientes da clínica é do sexo masculino. Para ela, o fato da mulher se preocupar mais com a estética acaba levando-a com mais frequência à manicure e pedicure, no entanto, observa, esse tipo de profissional não está qualificado para avaliar e prevenir os principais problemas que acometem os pés.
Quanto aos homens, por usarem calçados fechados por mais tempo, acredita, quando sentem qualquer incômodo no pé, desde que tenham conhecimento da existência desse profissional, tendem a procurar seus serviços. Ela fala dos avanços na área, de forma a permitir atuação maior e mais efetiva em casos como de correção do formato da unha. A podóloga explica que a órtese - um dispositivo com capacidade de tração mecânica - é fixada à lâmina ungueal (unha). Essa é melhor opção para o tratamento corretivo de unhas deformadas, acredita. A aplicação de órtese faz com que a unha volte ao seu formato normal e, com isso, alivia a dor. Além disso, a correção da unha pode solucionar os casos frequentes de unha encravada.
A podóloga Clarice informa que no Instituto de Podologia, no qual é coordenadora, existe um consultório-escola onde os alunos do curso oferecem assistência ao público, sob a coordenação da equipe docente. Os alunos e professores atendem uma média de 50 pacientes por semana, sendo a maior parte do sexo masculino. Ela explica que o ideal é passar pelo menos uma vez por mês por um podólogo para fazer avaliação. Uma consulta gira em torno de R$ 70 a R$ 120, calcula. No consultório-escola, o atendimento ocorre mediante agendamento, a R$ 10. Informações sobre a instituição e cursos podem ser obtidas pelo e-mail [email protected] e no site www.institutopods.com.br .


Origem e Conceito

* Podologia vem do grego arcaico: podo (pés) e logo (tratamento, conhecimento).

* Surgiu há cerca de 5 milhões de anos. Desde quando o homem passou a andar em posição ereta. Com isso, uma série de modificações ocorreu em toda a estrutura de seu corpo, de forma a proporcionar adaptações anatômicas.

* É um ramo auxiliar da Medicina, cuja atuação concentra-se na anatomia, fisiologia e doenças dos pés.



Manutenção mensal é "sagrada"

Quando foi orientado a buscar assistência de um podólogo, o vigilante Elionai Almeida, de 31 anos, sequer imaginava a existência desse tipo de profissional. Há 12 anos, recorda-se, costumava sofrer com as dores nos pés, seja pela unha que encravava com frequência, ou então pelo calçado que "pegava" numa das unhas. Pelo fato da sua profissão exigir muitas horas em pé e uma carga exaustiva de 12 a 14 horas com sapato fechado, os problemas nos pés somente agravavam. Normalmente a unha acabava encravando e inflamava. Elionai confessa que chegou a "mexer" várias vezes na unha que doía, na tentativa de resolver o problema. "Mas a situação piorava e inflamava mais."

O vigilante somente voltou sua atenção à saúde dos pés ao passar, pela primeira vez, por um podólogo. "Nem sabia que existia." Mas a consulta só ocorreu quando não suportava mais a dor na unha que estava inflamada. Isso foi há 12 anos, recorda-se. Após avaliação acompanhou a retirada de um "pedaço de unha" sob a pele do dedo. Outros problemas foram tratados como a correção do formato da unha, com a fixação de órtese. Além da manutenção mensal e cuidados na higienização dos pés, Elionai segue algumas dicas para não sofrer mais. "Não uso mais sapatos de bico fino, e sempre levo uma sandália no trabalho. Assim que entrego o plantão eu troco de calçado", ensina.



Higienização correta e cuidados com os pés

1- Hidratar os pés todos os dias (nunca entre os dedos);

2- Evitar deixar os pés de molho;

3- Cortar as unhas quadradas;

4- Não retirar as cutículas (proteção natural da pele);

5- Secar bem os pés, em especial entre os dedos;

6- Usar meias de algodão;

7- Evitar sapatos de bico fino (homens e mulheres), apertados e com salto acima de 5 cm.



Para diabéticos, cuidados especiais


1- Inspecionar diariamente os pés:

- usar um espelho para visualizar a sola dos pés;verificar sinais de rubor, bolha, fissuras, calosidades.

2- Lavar os pés diariamente:

- usar sabão neutro;

- enxugar os pés com uma toalha macia;

- enxugar entre os dedos.

3- Hidratar os pés diariamente.

4- usar sapatos fechados,confortáveis:

- usar meias sem costuras e de algodão.

5- cortar e lixar as unhas, respeitando o formato de cada uma:

- cortar as unhas em local iluminado ou peça ajuda, caso não consiga cortá-las sozinho.