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Cárie dentária atinge cerca de 99% das pessoas

Ana Paula Yabiku Gonçalves
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Ouvimos dizer constantemente que a boca é a principal porta de entrada para uma vida mais saudável, mas acabamos nos esquecendo de que ela também pode funcionar como pontapé inicial para muitas infecções. A doença de maior prevalência na população mundial é, de acordo com o especialista em ortodontia e ortopedia facial, Ricardo Fidos Horliana, a cárie dentária. "Pode-se dizer que 99% das pessoas possui cárie, mas ela pode se manifestar ou não dependendo dos cuidados que o indivíduo têm com a higiene bucal e alguns tratamentos adicionais", explica.

A infecção é causada pela interação contínua entre microorganismos (as bactérias) com os dentes e a substância alimentar: no caso, o açúcar. Todo esse processo acaba por promover a perda dos minerais dos dentes até que se forme uma pequena cavidade entre eles. "O buraquinho escuro que conhecemos é uma consequência desta interação", esclarece o dentista. A doença é, inclusive, infectocontagiosa, podendo ser transmissível de inúmeras maneiras diferentes.



Um pai com lesões ativas de cárie pode, segundo Ricardo, contaminar o filho simplesmente assoprando sua comida e entregando-a já com a bactéria. "Hoje é muito comum os pais beijarem as crianças na boca, esse beijinho pode contagiá-las." No caso de um casal de namorados, a situação é a mesma. Se a menina se cuida bem e não costuma ter lesões de cárie, mas o namorado apresenta infecções ativas, o relacionamento, por meio do beijo, vai estar constantemente contaminando-a.

O tratamento da cárie dentária é composto por um conjunto de ações mecânicas e químicas. Além da remoção da bactéria e da placa bacteriana por meio da escovação e do uso do fio dental, o creme dental é indispensável. Ele tem em sua composição detergentes e o flúor, que fortalece o esmalte dos dentes, diminuindo o risco de contaminação pela cárie. Vale lembrar que o flúor é um método efetivo de higiene, pois concorre com as bactérias: ambos têm cargas negativas, mas o flúor é o elemento mais elétrico negativo da natureza. "Como é mais forte, ele sempre ganha. E, quando você limpa os dentes, a superfície do esmalte volta a ficar com uma carga positiva."

A doença gengival é outra que acomete um grande número de pessoas, apesar de ser promovida por bactérias diferentes das que provocam a cárie, que concorrem entre si. "Por isso, é muito comum um paciente com problema gengival não ter lesões de cárie ou o contrário." Ambas, no entanto, podem acabar interagindo com o organismo e comprometendo a saúde geral do corpo humano. A ação de combate das duas infecções tem como base a limpeza da boca e dos dentes, quando realizada corretamente.

Como realizar a higiene bucal?

É preciso estar ciente de que, toda vez que você se alimenta, está comprometendo a superfície dos dentes e promovendo a manutenção de restos alimentares na boca. "Os restos funcionam como substratos para as bactérias que, naturalmente, já estão na nossa boca. Se mantivermos a alimentação dos microorganismos, eles vão ter com o que trabalhar e, assim, promoverão a instalação de doenças", destaca Ricardo.

A frequência com que deve ser realizada a higiene bucal está intimamente ligada à frequência com que nos alimentamos. "Se você come três, quatro ou cinco vezes por dia, este é o número de vezes que terá que repetir o procedimento de higiene." A limpeza, lembra o dentista, envolve a escovação e o uso de fio dental, creme dental e enxaguatório bucal que contenha flúor e não leve álcool na sua composição. "Os dentes formam uma relação de contato entre si que a escova não consegue acessar, mas o fio dental consegue", completa.

Mais importante do que cuidar dos dentes toda vez que se alimentar, no entanto, é ter certeza de que está realizando o procedimento de higiene bucal corretamente. E a única forma de confirmar que a limpeza está trazendo resultados é procurando ajuda profissional. Além de ensinar e dar instruções sobre como realizar o processo, o dentista possui recursos que podem evidenciar o índice de placa bacteriana na boca do paciente. Afinal, apesar de incolor e invisível a olho nu, ela precisa ser removida. O especialista utiliza a chamada pastilha evidenciadora para, durante as consultas, mostrar a redução de placa bacteriana decorrente da limpeza. "Não adianta escovar os dentes várias vezes, se não for feito de forma correta", lembra Ricardo. (Supervisão: Admir Machado)