CADERNO DE DOMINGO

A História como fonte inspiradora para a arte




José Antonio Rosa

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Do alto do seu conhecimento, Aluísio de Almeida deixou registrado, lá atrás, que a história de Sorocaba seria dada a conhecer, de forma mais ampla, nos anos 2000. Não foi exatamente uma profecia aquela (embora muitos assim considerem), mas o fato é que, pouco antes disso até, um trabalho de prospecção feito na cidade já indicava que o pesquisador emplacara mais um dos seus muitos acertos. Graças, principalmente, a entrada em vigor da Lei de Incentivo à Cultura (Linc), produtores e artistas dos vários campos de expressão descobriram um filão que pedia para ser explorado.


Projetos que resgatavam passagens, acontecimentos, a vida, a obra, e a importância de personalidades de quem pouco ou quase nada se sabia, ganharam espaço, renovando o fôlego da memória sorocabana. Mesmo assim, volta e meia, ouve-se que "o povo não valoriza suas origens". O discurso vai além para repetir que "os jovens não estão nem aí para o que aconteceu no município", ou que "o setor está abandonado e as tradições decadentes".


Bem, a prática demonstra que a realidade é outra. Se não é alvo de tanto ufanismo, a história de Sorocaba está longe de ficar relegada ao abandono, ao esquecimento. Episódios recentes, como o alerta feito pelo tropeiro Álvaro Augusto Antunes de Assis sobre o desinteresse de alunos pelo ciclo histórico mais importante de Sorocaba, alimentaram o debate a respeito. Só para rememorar: Álvaro participa ativamente da agenda da Semana do Tropeiro e, em 2009, aguardava estudantes no Parque Carlos Alberto de Souza, Campolim, que não foram à atividade.

Preocupado com o que na época considerou "descaso", fez um desabafo que acabou repercutindo junto à comunidade acadêmica e motivou uma intervenção do criador do evento, Mario Mattos. Na ocasião, Mattos disse ao <BF>Cruzeiro do Sul<XB> que o fenômeno deveria ter o seu desdobramento relativizado. "Não é um privilégio nosso passar por isso", declarou na ocasião. Na mesma direção segue o raciocínio do professor de Geografia Humana da Uniso, Paulo Celso da Silva.


"O cuidado com a preservação histórica é recorrente e deve ser observado. O problema é quando o foco volta-se para outro lado. Sempre vai existir quem ache que tal pessoa foi esquecida, que falaram pouco, ou, ainda, que ela não deveria ter sido lembrada porque não fez nada para merecer. É um traço da identidade, do jeito de ser de qualquer povo. O importante é não perder de vista o interesse, a relevância. Essas discussões mais voltadas à vaidade, ao preciosismo não fazem tanta diferença. A história está acima dessas questões", comenta.


Não se sabe exatamente quantos produtos a Linc financiou desde que passou a vigorar. Praticamente todos, até por exigência da lei, têm relação com o que ocorre na cidade, com sua história, com seus personagens e com os seus costumes. Livros, CDs, discos, vídeos e montagens para teatro cuidaram de, nos quase últimos quinze anos, fazer um apanhado daquilo que de mais significativo houve no município. E olhe que ainda falta falar de muita coisa.







Para professor, "História não pode ter gosto de mofo, de ranço"




Autor de pelo menos uma dezena de títulos, quase todos baseados em passagens históricas sorocabanas (destaque para "Salvadora!", sobre Salvadora Lopes, a primeira vereadora eleita em Sorocaba), o também professor Carlos Carvalho Cavalheiro entende que o jovem, de maneira geral, se interessa pelo que aconteceu em seu lugar de origem. A experiência no magistério permite a Cavalheiro, também pesquisador das manifestações culturais populares da cidade, ter como certo que a história local "sempre diz muito mais" do que a de outros lugares.

Nesta entrevista, ele diz que a geração de historiadores precisa se renovar, e que o ensino da matéria exige um tratamento mais dinâmico. "A História não pode ter aquele gosto de ranço e mofo", sentencia. Confira:


CS: O jovem se interessa pela história da sua cidade?
Cavalheiro: Eu creio que sim, que haja sempre um interesse dos jovens em conhecer um pouco mais da história da sua cidade, que, de certa forma, é a sua história também. Muitos alunos sentem prazer em ouvir do professor a confirmação da veracidade de fatos que conheciam por relatos dos pais ou avós. Eu leciono em Porto Feliz e sempre que conto algo da história da cidade, tenho boa receptividade dos alunos.


CS: A que atribuir o maior, o menor, ou o nenhum interesse do jovem pela história do lugar em que vive?
Cavalheiro: Acredito que pela forma como a história é contada. Parte dos livros de conteúdo histórico que tem boa venda não foi escrita por historiadores, mas por romancistas ou por jornalistas que deixam a história com um sabor mais humano, se é que se pode usar esse termo. Mas, o que eu quero dizer, é que uma história bem contada sempre tem seu espectador ou ouvinte. Como experiência de minha prática pedagógica, tenho observado que os alunos interessam-se mais pela história da sua cidade ou região quando ele pode ver e experimentar o exercício da imaginação, visualizando os locais que serviram de palco para os fatos históricos. Anualmente, por exemplo, levo turmas de alunos para a Flona de Ipanema (antiga Fazenda Ipanema). Não houve, até hoje, aluno que não tenha gostado dessa aula fora da sala de aula. Em Porto Feliz eu os levo a realizar visitas na Igreja Matriz da cidade que conta com painéis históricos pintados por Bruno Di Giusti (que viveu em Sorocaba). Os alunos ficam fascinados em conhecer a história de sua cidade dessa forma e ficam curiosos sobre detalhes, perguntam sobre outras passagens.


CS: O que motiva no aprendizado da história?
Cavalheiro: A História não pode ter aquele gosto de ranço e mofo. Ninguém se interessa mais por ouvir explanações sobre aquilo que nem tem noção do que se trata. Por outro lado, quando você consegue despertar no jovem o gosto pela História, mostrando que ela tem a ver com a vida de cada um de nós (já que se trata de estudar as ações humanas ao longo do tempo), e que a História relaciona, indissociavelmente, o passado com o presente, o jovem fica mais motivado a conhecer mais e mais. O problema é quando a História é tratada como passado pelo passado, como numa revista de fofocas na qual todo o conteúdo não tem significado algum para a sua vida.


CS:A história de Sorocaba precisa ser reavaliada, como previu Aluísio de Almeida?
Cavalheiro:
Aluísio de Almeida disse, sim, que a verdadeira História de Sorocaba começaria a ser contada a partir dos anos 2000 e que seu estudo demandaria uma equipe multidisciplinar. Acho espetacular a humildade dele como historiador em reconhecer as limitações a que estava sujeito e às quais todos nós estamos. Eu escrevi um livro sobre a escravidão em Sorocaba, como um panorama da escravidão negra dos primórdios à sua extinção e coloquei como subtítulo "Breve ensaio sobre...". Isso porque eu tenho ciência de que de toda a documentação que existe sobre a escravidão negra em Sorocaba eu só pude, pelas limitações, compulsar uma parte ínfima. Reconhecimento das limitações. Agora, a História não é uma coleção de fatos passados, mas muito mais a interpretação que hoje temos desse mesmo passado. Por isso, a História é sempre dinâmica e compete aos historiadores de todas as épocas promover sim essa reavaliação, de acordo com os parâmetros de sua época. Tenho ciência de que o que produzi hoje - e que pode ter sido aceito por alguns - será questionado amanhã por conta dessa dinâmica própria da ciência histórica.


CS: Por que a história local, sob certos aspectos, é menos interessante do que a geral?
Cavalheiro:
Eu não penso que a História local seja menos interessante ou atraente. Ao contrário; penso que a História local sempre vai nos dizer muito mais do que a História de outros lugares. O que ocorre, de certa forma, é a desvalorização que se tem da História local. Se por um lado há algum esforço do poder público em evidenciar certos aspectos da nossa História para os estudantes da rede pública, de outro lado o que vemos é a precariedade de uma política cultural voltada para a preservação da memória. Exemplo disso foi divulgado pelo Cruzeiro do Sul dias atrás quando se noticiou acerca do fechamento da área de pesquisa do Museu Histórico Sorocabano. Outro exemplo foi o caso do furto de objetos do acervo histórico que estavam armazenados no antigo Matadouro. Quer mais um? Em 2004 entrei com um projeto na Linc para digitalizar (fotografar digitalmente) as atas da Câmara Municipal de Sorocaba do século XIX e fazer um CD Rom com essas imagens e índice remissivo por assuntos. A Comissão da Linc rejeitou o projeto com o argumento de que para "restauração" das atas seria necessário abrir um processo de licitação! Mas em momento algum eu falei em "restaurar" as atas! Disseram-me, na época, que havia um parecer do setor jurídico da Prefeitura, que eu nunca vi, que deu a base para a emissão desse parecer. Em suma, as atas não foram digitalizadas e estão agora no prédio do Museu Histórico e, pelo que li na reportagem, talvez com risco de se deteriorarem. O artigo 216 da Constituição Federal diz claramente que é dever do poder público, em colaboração com a comunidade, proteger o patrimônio histórico e cultural. Mas não é isso o que se vê, infelizmente. Agora, com todo esse desprezo pela História local, como se quer que o jovem ache interessante a nossa História?



CS: A geração de pesquisadores, historiadores, também precisaria se renovar?
Cavalheiro:
Eu espero que sim. Renovação é sempre bem vinda. No entanto, às vezes, há uma confusão entre renovar e tripudiar sobre a pessoa. Infelizmente, nem todos possuem a serenidade - e diria mesmo a competência - de fazer uma boa crítica. Na maior parte das vezes o que se vê são ataques pessoais ao historiador e não um debate de ideias. E ataques pessoais interessam tanto quanto o gosto de mofo e ranço de que falei há pouco. Ou seja, não interessa. A renovação tem de trazer ideias novas, não novos gladiadores truculentos. É muito fácil chamar este ou aquele de imbecil, obtuso, inepto, ultrapassado, desonesto. Mas, o que isso acrescenta para o debate histórico? Quero ler e ouvir ideias novas, não xingamentos similares aos que se vê em programas apelativos de TV. Por outro lado, há gente competente fazendo a boa pesquisa histórica. Vou citar alguns nomes, mesmo com o risco de cometer a injustiça de deixar de citar alguém, mais como ilustração do que estou afirmando: Erik Petschelles, por exemplo, está realizando um trabalho interessantíssimo de revisão do papel do índio na construção da História de Sorocaba; Rogério Lopes Pinheiro de Carvalho que publicou um excelente trabalho - sua tese de Doutorado - sobre a época da Belle Époque em Sorocaba; Paulo Celso da Silva e Adalberto Coutinho de Araújo Neto que realizaram trabalhos de pesquisa sobre os operários sorocabanos; Fernanda Ikedo que buscou recuperar parte da história da época da ditadura militar na cidade, bem como já havia feito anteriormente o saudoso professor João Luiz Gonzaga Peçanha; a história das colônias espanhola e japonesa que o Sérgio Coelho de Oliveira recuperou, e tantos outros. Acredito no que Aluísio de Almeida profetizou: a nossa História começa a ser contada a partir de agora, após o ano 2000.







Múltiplas linguagens permitem apreender a cultura local

Em diversas mídias e formatos, artistas resgatam um pouco da trajetória sorocabana



Livros, teatro, vídeo, CDs, blogs e sites: a História de Sorocaba pode ser consultada em múltiplas linguagens, mídias e plataformas. A opção dos realizadores pela literatura tem prevalecido no encaminhamento de projetos para aprovação da Linc. Pelo menos 90% dos empreendimentos executados ganharam o formato. Entre tantos títulos até agora editados, a reportagem relacionou cinco. Todos, dentro das propostas trabalhadas, resgatam aspectos da historiografia, da cultura e dos costumes sorocabanos.



É caso, por exemplo, de Vivendo Entre Soldados, de Luiz Antonio Oliveira, lançado em 2010. O trabalho conta como foi a participação dos expedicionários sorocabanos da FEB na II Guerra Mundial. Até pela falta de material a respeito, pouco se sabia da atuação dos combatentes locais, entre eles Martins Oliveira e Cesário Aguiar. O prefácio da obra leva a assinatura do escritor e médico psicoterapeuta, José Carlos de Campos Sobrinho.



Zeca, como é conhecido, responde, aliás, por outro projeto literário bem sucedido: junto com Adolfo Frioli produziu a biografia do místico João de Camargo, uma das mais emblemáticas figuras do sincretismo religioso no Brasil, viveu em Sorocaba. A obra, por sua vez, serviu de base para a realização de Cafundó, o filme dirigido por Paulo Betti sobre o mesmo tema, que venceu o Festival de Gramado, arrebatando quatro prêmios Kikitos.



Adolfo Frioli, outra referência no trabalho de preservação da memória local, publicou o monumental Sorocaba - Registros Históricos e Iconográficos, coletânea de fotos datadas do final do século XIX, e começo do XX, com momentos marcantes vividos na cidade. Estão, ali, ruas, lugares, fábricas e passagens que transformaram o cotidiano, como a cheia do rio Sorocaba de 1929. Escrito pela arquiteta e estudiosa Lucinda Ferreira Prestes, A Vila Tropeira de Nossa Senhora da Ponte de Sorocaba, retoma e discute os aspectos socioeconômicos e a arquitetura das classes dominantes daqui, no período compreendido entre 1750 e 1888.



A riqueza da arte sacra existente no município mereceu registro da artista plástica Nancy Ridel Kaplan em Mosteiro de São Bento de Sorocaba - Catálogo do Acervo. O mais bem sucedido projeto literário apoiado pela Linc, é assinado pelo jornalista Sergio Coelho de Oliveira. Os Espanhois sobre a origem das famílias que povoaram a zona leste da cidade, mais exatamente o bairro de Vila Hortência, resgatou não apenas a história como a memória afetiva dos imigrantes e seus descendentes.No teatro, Mário Persico e sua Cia. Clássica de Repertório, montaram a trilogia formada pelos textos A Febre; Do Outro Lado do Rio, e Concílio dos Mortos. Os trabalhos falam da epidemia que devastou parte da população no século XIX, e fez com que o epidemiologista Oswaldo Cruz descobrisse, aqui, que o vetor de transmissão da febre eram os focos do mosquito. Passados mais de cem anos, Sorocaba administra os efeitos dos inconvenientes causados pela dengue, doença que já contaminou quase 600 pessoas em apenas quatro meses.



À reportagem Mário Persico disse que a história local é boa fonte de inspiração. Ele decidiu encampar o projeto justamente por ter sido arrebatado pelas passagens. Persico não se preocupou com o resgate histórico formal. Claro que a proposta teve um caráter pedagógico, mas ele conta que usou de liberdade para contá-la. "Até hoje, muita gente diz que ficou sabendo um pouco mais do que aconteceu depois de ter assistido às montagens".



Rodrigo Amorim, com o Grupo Manto, encenou a versão de Resumo de Ana, trabalho de Modesto Carone que ganhou o Prêmio Jabuti. A comovente história da família que morava na região do Além-Ponte revelou parte do jeito de ser do sorocabano, falando do cotidiano, do trabalho, da superação das dificuldades. Rodrigo Cintra encontrou no engenheiro Matheus Maylasky inspiração para contar, em O Estrangeiro Misterioso, como se deu a chegada da estrada de ferro na cidade.



Cantora, compositora e produtora, Marcia Mah dedicou dois dos seus discos, Apanhado, e Nilson Lombardi - Obra Completa, à produção, respectivamente, de artistas contemporâneos e a do pianista. Neste último, assumiu a direção e coordenação musical. O livro ao qual os discos foram encartados teve como autor o jornalista José Carlos Fineis. Marcinha é uma especialista em pesquisar a cultura popular e da terra natal.

"Existe, sem dúvida, muita coisa boa por ser trabalhada. Nossa cultura é rica e permite múltiplas abordagens", diz ela que está para seguir excursão com o projeto "Geografia Musical". Apoiada pelo Sesi, a proposta consiste num passeio pela construção da música do Brasil colonial, inclui a contação de histórias e a apresentação de ritmos como milonga, fandango e catira, além de abordar a influência tropeira nesse contexto.

Até na internet é possível pesquisar a história sorocabana. Nas redes sociais, a página Recordações Sorocabanas, no Facebook, está tomada de fotos antigas, cuja consulta se transformou em mania. A Enciclopéia Sorocabana é outra boa fonte de consulta com inúmeros verbetes sobre o município e personagens locais. Também no YouTube há inúmeros vídeos sobre aspectos da cidade, slideshows de fotos, filmes antigos que foram transformados em vídeos e preservados, filmes de pescarias no rio, entrevistas antigas com personagens históricos.



Ainda na rede, entidades, como o Instituto Histórico, Geográfico e Genealógico de Sorocaba (IHGGS) mantêm acervo de artigos. Trata-se de um bom exemplo de bom uso da tecnologia, pela instituição. O Cruzeiro do Sul disponibilizou seu acervo de mais de um século, página por página, para os internautas, que podem procurá-lo para pesquisas.





Riqueza histórico-cultural da cidade rende muitas abordagens

É o que entende o diretor da Biblioteca Infantil, José Rubens Incao



Espécie de guardião das preciosidades que resgatam parte da memória sorocabana, o diretor da Biblioteca Infantil Municipal, José Rubens Incao, diz que a história local ainda rende muitas abordagens. "As oportunidades estão aí, à espera daqueles que se disponham a trabalhá-las", comenta. Incao administra o precioso acervo de livros e registros da historiografia local. Além disso, no espaço, um casarão arejado em cujo quintal foi montada a lona do Circo Guaraciaba e onde, uma vez por ano, é servido o tradicional feijão tropeiro, ele costuma compartilhar com os visitantes, geralmente em conversas regadas a café, o conhecimento sobre o assunto.



Foi nesse clima que ele falou com a reportagem. Para Incao o interesse das novas gerações pela História da cidade pode ser comprovado a partir da procura de obras e de pesquisas lá realizadas. "Recebemos alunos da rede pública não só de Sorocaba, como de municípios da região. O interesse existe sim e é grande. Pelo menos aqui, o discurso de que a nossa cultura não é valorizada, não encontra aplicação prática".



Não bastasse o acúmulo teórico, Incao ainda tem a sorte de conviver com aqueles que testemunharam e ajudaram a construir a história sorocabana. Pelas salas da biblioteca circulam Adolfo Frioli, Sérgio Coelho de Oliveira, Daniel Matucci e outros. Durante bom tempo, José Rubens deliciou-se com as "aulas" dadas pelo estudioso Abel Cardoso Júnior. "Sem dúvida esse privilégio ajudou muito no entendimento da nossa realidade. Devo muito a esses verdadeiros mestres".



Entre os tantos assuntos que o diretor da Biblioteca Infantil entende que renderiam trabalhos, estão o bandeirantismo, as artes plásticas, o cinema, a dança e a música. Para Incao, os temas ainda reclamam uma abordagem mais profunda por parte dos pesquisadores. "Sorocaba foi fundada por um bandeirante, Baltazar Fernandes, mas pouco se sabe do movimento propriamente dito, suas consequências na formação da nossa identidade, no desenvolvimento econômico e social".



"De outra parte, pouco se fala das artes sorocabanas. Mesmo correndo o risco de deixar algum nome de fora, cito Ettore Marangoni, Bruno Giusti, Marina Karan, esta reconhecida por Di Cavalcanti como uma artista excepcional. O cinema teve papel de destaque entre nós. Aqui foram rodados clássicos, como Quelé do Pajeú, de Anselmo Duarte. Isso para não lembrar da figura de Waldemar Iglesias, um estudioso do assunto".

"Nossa representação na dança vai do clássico ao contemporâneo. Vou mencionar Ismênia Rogich, que fez carreira no Stagium, uma das mais importantes companhias do país, Monica Minelli, Janice Vieira, que ganhou uma biografia do jornalista Cristiano Sant"Ana. A música é um capítulo à parte: tivemos, entre nós, Abel Cardoso Júnior, a maior autoridade em MPB que o Brasil conheceu. A tal ponto que corrigiu a biografia de Dorival Caymmi, feita pela própria neta do compositor".