Cirurgia de redução do estômago
* Tatiana Camargo Pereira Abrão
O número de cirurgias de redução do estômago, utilizadas para resolução de obesidade mórbida, cresceu nos últimos cinco anos, tendo um aumento de quase 90%. O ideal é que as pessoas tenham uma vida saudável para evitar esse tipo de procedimento. Entretanto, o que constata é o aumento de casos de obesidade na sociedade brasileira. Desta forma, fazemos alguns esclarecimentos sobre essa cirurgia e suas modalidades.
Pacientes acima de 16 anos estão autorizados a fazer, e a procura aumentou com a redução do Índice de Massa Corporal (IMC) para maior ou igual a 35 em pessoas com doenças associadas como diabetes, hipertensão, apneia do sono, doenças osteoarticulares e outras que piorem muito com a obesidade.Sem doenças associadas, o paciente tem que ter um IMC maior ou igual a 40 e ter feito tentativas de emagrecer sem sucesso, há pelo menos dois anos estar com o mesmo peso e não ter contraindicações para cirurgia. O IMC é determinado pela divisão da massa do indivíduo pelo quadrado de sua altura, onde a massa está em quilogramas e a altura está em metros.
Como endocrinologistas, recomendamos que a cirurgia seja utilizada apenas em último recurso, tentando dieta e mudança no estilo de vida. Como em qualquer cirurgia, há riscos. No segmento destes pacientes, notamos que metade deles volta a engordar, sendo que 5% retornam ao peso inicial. Ela pode ser feita com um corte na barriga (laparotomia), a qual é a cirurgia convencional, e já está sendo feita por videolaparoscopia, que são pequenos cortes no abdome e com recuperação mais rápida que a primeira alternativa.
Ambas as técnicas podem levar o paciente a ficar hospitalizado pelo menos uns três dias, e se recuperando de 20 a 60 dias, dependendo do pós-operatório, e do procedimento cirúrgico que foi utilizado. Apresentam riscos como hemorragia, infecção, formação de coágulos, trombose e até a morte. O risco de mortalidade é de 0,25%, e de complicações sérias entre 1,5% a 2%. O paciente fica com dieta líquida, evoluindo para pastosa, de um a três meses, sempre optando por alimentos saudáveis e acompanhamento médico e nutricional, sendo que em um ano ele pode perder até 35% do seu peso inicial.
As técnicas cirúrgicas autorizadas pelo Conselho Federal de Medicina são, a banda gástrica, o bypass gástrico, a gastroplastia com derivação intestinal (fobi-capella ou derivação bilio pancreática) e a nova gastrectomia vertical. A banda gástrica consta do método em que um anel de silicone inflável é colocado na parte superior do estômago, reduzindo seu volume para cerca de 30 ml, sendo que esta técnica é reversível, e o controle do anel pode ser feito pelo cirurgião quando necessário. O bypass gástrico com derivação intestinal é a mais usada, onde reduz o estômago a 30 ml e o liga ao intestino, retirando mais ou menos 80 cm entre o estômago e o intestino; a outra porção do estômago é ligada a uma alça do intestino, formando um y.
A gastrectomia vertical é uma cirurgia nova, onde o estômago é reduzido a 70% do tamanho normal dele, em torno de 200 a 300 ml. É retirada principalmente a região da produção de grelina, um hormônio ligado a sensação de fome, ajudando assim na diminuição do apetite. A derivação biliopancreática (scopinaro) é muito utilizada para quem tem diabetes. Primeiro retira-se uma parte do estômago (200 ml), depois são criadas duas alças intestinais, uma que carrega os alimentos e outra, os sucos intestinais , sendo que elas se encontram perto do intestino grosso, reduzindo consideravelmente a absorção de gorduras e nutrientes. Mas há estímulo dos hormônios de saciedade e potencialização do hormônio produzido pelo intestino, que auxilia na produção de insulina, o que é bom para os diabéticos.
Seja qual for o método, o paciente tem que ter consciência de que o tratamento é para sempre, as restrições alimentares, a suplementação com vitaminas e acompanhamento médico têm que ser constantes.
* Tatiana Camargo Pereira Abrão é endocrinologista, pós-graduada em Nutrologia e em Medicina do Esporte