Inovações tecnológicas tornam produtos obsoletos em pouco tempo
A cada dia uma nova tecnologia é criada e torna todo um sistema eletrônico - nem tão antigo assim - completamente obsoleto. Os televisores de tubo são apenas um dos exemplos, já que diante de outras tecnologias, como as telas de LCD, LED ou de plasma, ficaram à margem do mercado e tornaram-se completamente dispensáveis, inclusive para a reutilização ou reaproveitamento de seus componentes eletrônicos. ""Mudou a tecnologia, tudo isso aqui é descartável e vira lixo"", resumiu Damian Iajuc, proprietário de uma eletrônica localizada na rua Hermelino Matarazzo e que conserta televisores, videocassetes, DVDs, aparelhos de som e fornos de microondas.
Essa comprovação, do consumo pelo consumo, no entanto, vem embutida em sua cerne do peso de toneladas de lixo eletrônico e a necessidade do descarte adequado. Embora, em muitos casos, nem tão raros assim, pessoas ainda optem pelo caminho mais fácil e jogam televisores e até geladeiras em terrenos baldios de Sorocaba, colocando em risco o meio ambiente.
Foi o que constatou a reportagem do Cruzeiro do Sul na rua Giovanni Boletta, no Jardim Maria Eugênia: um aparelho de TV jogado num terreno baldio. Marco Aurélio dos Santos, que mora próximo à área, informou que pessoas jogam esse tipo de material ali sempre de madrugada e que outro dia deixaram até mesmo uma geladeira. ""Isso é um perigo"", destacou.
Numa outra loja de produtos eletrônicos, também instalada na rua Hermelino Matarazzo, o proprietário João Silveira explicou que poucas peças podem ser reutilizadas, por isso, muitos televisores, por exemplo, são levados para o ecoponto da Prefeitura, existente na Vila Barão.
O comerciante Iajuc, por sua vez, tenta fazer a sua parte orientando as pessoas que vão até a sua eletrônica a descartarem o lixo eletrônico corretamente. Ele explica que sua loja vive lotada de equipamentos e, em muitos casos, a pessoa que mandou uma televisão, um aparelho de som ou DVD para o conserto nem sempre volta para buscá-lo. ""Às vezes é falta de dinheiro, mas a maioria deixa porque adquiriu outro aparelho com uma nova tecnologia. Hoje em dia as coisas estão mais descartáveis.""
Iajuc explica que poucas peças podem ser reaproveitadas de uma televisão de tubo, por exemplo; por isso, quando um aparelho é abandonado pelo proprietário, em alguns casos, compensa arrumar o televisor e colocá-lo à venda. Caso contrário, todo equipamento se transforma em lixo. Ele diz que faz faxinas na loja, leva os equipamentos sem condição de manutenção para uma loja de informática que faz a destinação correta do lixo eletrônico. ""Aviso as pessoas que esse tipo de lixo é tóxico e não pode ser jogado na rua. O problema é que não têm muitos locais para jogar o lixo eletrônico e você precisa levá-lo até lá"".
Local errado
Sentada à sombra de uma das caçambas do ecoponto da Vila Barão, Josefa Marisa da Silva esperava que algum tipo de material ainda em condições de uso fosse jogado no local de descarte. Segundo ela, não é tão comum as pessoas deixarem aparelhos eletroeletrônicos no ecoponto. Quando acontece, explica, o aparelho é desmontado para aproveitamento do cobre e do alumínio existentes no seu interior. Josefa diz que dificilmente um aparelho deixado no ecoponto pode ser reutilizado. ""Já levei um liquidificador para casa, mas deu duas viradas e parou. Ninguém joga fora coisa funcionando"".
Neste caso, entretanto, o gerente operacional do Núcleo de Resíduos Eletroeletrônicos da Prefeitura de Sorocaba, Júlio César de Andrade, apontou um erro grave, já que os ecopontos espalhados pela cidade servem para receber material inerte, como madeira e concreto, e não o lixo eletrônico. Andrade alertou que a tela do monitor, de vidro CRT, é extremamente contaminante e pode trazer riscos à saúde de um pessoa que não souber manusear o equipamento adequadamente para fazer a reciclagem. (Wilson Gonçalves Junior)