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20% das mulheres não apresentam os sintomas da menopausa



Ana Paula Yabiku Gonçalves
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Noites de calor intenso, transpiração e alterações de humor. Os primeiros sinais da chegada da tão temida menopausa é de deixar qualquer mulher de cabelo em pé. Mas se você compõe o grupo que já passou dos 45 anos, não se desespere imediatamente: afinal, duas em cada 10 mulheres podem passar por esta fase da vida sem apresentar qualquer sintoma. "Algumas têm sintomas suportáveis e outras 20% não têm nenhum. Se a mãe dela apresentou os sinais, ela provavelmente terá", explica o ginecologista e professor titular da Pontifícia Universidade Católica (PUC) de Sorocaba, Luiz Ferraz de Sampaio Neto.
Os sintomas característicos da menopausa começam aos poucos, se tornando mais intensos nos dois ou três primeiros anos. A tendência, em seguida, é que a intensidade dos sinais vá diminuindo com o passar dos anos.
As ondas de calor (ou fogacho, como são conhecidas), características da perda de função dos ovários, começam no abdômen e vão subindo pelo pescoço, rosto e couro cabeludo. Associam-se à vasodilatação, motivo pelo qual a mulher frequentemente fica com a pele vermelha, à ereção dos pêlos (arrepios) e ao suor intenso (sudorese). Em alguns casos, a pessoa também pode apresentar tremores. "Na verdade, ela tem um desarranjo de controle da temperatura do corpo, que sobe três ou quatro graus", esclarece o médico. Se estiver dormindo, a mulher acorda justamente para ter o fogacho.
Além do calor, o ciclo menstrual feminino se torna cada vez mais irregular, com variabilidade mais longa ou mais curta do que o normal. A falência estrogênica também pode levar à sensação de vagina mais seca, que provoca o coito doloroso e uma consequente alteração da libido, também por questões psicológicas; uma piora no suporte da pelve (estruturas que apoiam o útero e a vagina), podendo levar à queda do útero e da bexiga e causar perda de urina, incontinência urinária e dificuldade de evacuação.
Algumas alterações psicossomáticas, como a sensação de nervosismo e ansiedade também são comuns. "Até porque a pessoa começa a perceber o processo de envelhecimento", comenta. É neste período que os filhos vão se formando, se casando e saindo de casa, ao mesmo tempo em que o marido volta para a casa aposentado. A mulher passa, assim, a ter menos funções na dinâmica da casa e começa a se sentir desnecessária, sentimento este que recebe o nome de Síndrome do Ninho Vazio. "Além do quadro clínico da menopausa, tem um quadro social e psicológico de uma situação diferente com o qual ela não está sabendo lidar."

A última menstruação

Independente de terem menstruado mais cedo do que o normal, de não terem tido filhos ou de terem tomado anticoncepcionais ininterruptamente e, consequentemente, não terem menstruado por um tempo, a menopausa acontece na mesma faixa de idade para todas as mulheres. Mas, afinal, o que é e como funciona a menopausa?
Caracterizada pela última menstruação, a menopausa ocorre durante um período de perda da função hormonal, conhecido como climatério. Como a primeira menstruação (ou menarca) acontece entre a adolescência e a puberdade, o climatério dura normalmente dos 40 aos 70 anos de idade. Vale destacar que, tanto no início quanto no fim do período reprodutivo, os ciclos menstruais costumam ficar irregulares, pois não há ovulação e o corpo vai se adaptando gradativamente à mudança.
Mesmo antes de nascerem, as mulheres já têm uma carga pré-definida do número de folículos produtores de hormônios que utilizarão ao longo da vida, isto é, do tempo que seus ovários continuarão funcionando. Diferentemente dos homens, nos quais os folículos são produzidos a cada seis horas, os folículos presentes no interior do útero feminino nunca mais serão repostos. O problema é que, por volta dos 45 ou 50 anos, estes folículos acabam se esgotando, o que leva a uma queda dos hormônios. "São consumidos entre 50 e 100 a cada ciclo menstrual da mulher." Como os hormônios não existem mais, o endométrio deixa de proliferar e a mulher para de menstruar.
Com o aumento da expectativa de vida da mulher brasileira, no entanto, é comum as pessoas viverem muitos anos sem os hormônios femininos, sentindo efeitos tardios da tensão do climatério. Afinal, as mulheres vivem, em média, até os 75 anos no País. "Em regiões de excelência médica, como o interior do Rio Grande do Sul ou o Paraná, atingimos 82 anos de idade", ressalta o ginecologista. Este aumento da expectativa de vida deve-se principalmente à melhora das condições sociais em que os brasileiros vivem hoje.
Para a mulher, especificamente, o bom cuidado na assistência à gravidez e ao parto também fizeram a diferença. "Elas não morrem mais de abortamento ou puerpério (fase pós-parto em que a mulher experimenta modificações físicas e psíquicas)", declara. Além disto, biologicamente, sabe-se que a mulher é mais forte do que o homem e, portanto, costuma viver mais tempo. (Supervisão: Cida Vida)