Dia das Bruxas estimula brincadeiras

Sthefany Lara
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A famosa frase "gostosuras ou travessuras?", presente nos filmes e nas ruas norte-americanas no dia 31 de outubro, está cada vez mais presente na cultura brasileira. O Halloween, conhecido no Brasil como Dia das Bruxas, chegou de forma tímida ao País na década de 80 e começou a ganhar mais força dez anos mais tarde. Em Sorocaba, lojas e até mesmo residências são decoradas com alegorias típicas da época.

A empresária Maria Cristina Gava, 55 anos, enfeita toda a sua residência para a comemoração da data. "Faço isso há 10 anos. Primeiro porque desde pequena gostava de ler e sempre questionei o porquê de existir as bruxas e não bruxos. Fui pesquisar e me apaixonei por elas." Ela conta que se divertir é o principal motivo de tudo isso. "Depois do nascimento do meu neto, comecei a gostar mais ainda de tudo isso." No dia 31, Maria se veste de bruxa e conta histórias para os que chegam em sua casa. "Todos os anos é uma fantasia diferente e o mais legal é que ninguém me reconhece."

A sua festa foi ganhando popularidade e no ano passado cerca de 2 mil pessoas passaram pela sua casa. "Vem gente do condomínio e gente de fora. Trazem suas crianças e brincam. Eu distribuo doces e conto histórias", conta a empresária, que possui uma coleção de 98 bruxas. Ela lembra que no começo as pessoas estranhavam um pouco. "Até achavam que eu era uma bruxa."

Foi assim que o empresário Evandro Megliorini ganhou a clientela da sua loja de fantasias. "A festa do Halloween faz parte do calendário do brasileiro." Ele conta que nessa data a procura não é apenas por fantasias. "As pessoas querem produtos para decorar as casas e comércios, por isso, a data é onde mais de vende no comércio especializado."

Mesmo se tornando uma data popular no Brasil, há quem estranhe os fantasmas, bruxas e caveiras em frente loja de Evandro. "Eu recebo sempre ligações de pessoas falando: tire essas coisas e mande benzer sua loja. Há também aqueles que nem entram ou até mesmo desviam por considerarem tudo isso algo do demônio."

Trazer culturas de fora para agregar a local, faz a estudante Nátaly Marques, 25 anos, gostar da data. "Por que não trazer festas de fora para nossa realidade? E o mais legal do Halloween é que as pessoas não se fantasiam para ficar bonitas, pelo contrário, quanto mais feias e assustadoras melhor, e isso é o divertido."

No entanto, há aquelas pessoas que não gostam do Dia das Bruxas, como é o caso da merendeira Inês Borges, 49 anos. "Prefiro Dia de Todos os Santos", afirma, referindo-se ao dia 1º de novembro. "Esse negócio é esquisito", completa. O técnico em mecânica, Antonio Meira, 26, acredita que a festa não passa de uma cópia de cultura dos outros. "Acho o povo brasileiro copia demais dos Estados Unidos. Não valoriza o que temos."

Origem da festa
 
A festa surgiu há mais de 2.500 anos, entre o povo celta, que acreditava que no último dia do verão no hemisfério norte - 31 de outubro- , os espíritos saíam dos cemitérios para ir ao encontro dos vivos e pegar os seus corpos. Para espantar esses fantasmas, eram colocadas nas casas objetos assustadores como caveiras, ossos decorados e as famosas abóboras. Aos Estados Unidos, a festa foi levada na metade do século XIX pelos imigrantes irlandeses.

Dia do Saci
 
Para voltar o olhar da população brasileira para a cultura nacional, o governo do Estado de São Paulo, decretou, em 2005, o Dia do Saci, no mesmo dia 31 de outubro. A ideia foi a forma encontrada para valorizar o folclore do Brasil e tentar controlar a americanização, uma vez que o saci é um símbolo do país. (Supervisão: Admir Machado)