Dia da Consciência Negra tem música e dança

Laurin Bizoni
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programa de estágio

"Não é um dia para as pessoas simplesmente descansarem, e sim refletirem sobre o assunto". Assim a presidente da ONG Quilombinho, Rosangela Alves, abriu o ato cívico realizado para comemorar o Dia da Consciência Negra, nesta quarta, em frente à Igreja João de Camargo (capela Senhor do Bonfim), na avenida Barão de Tatuí. No evento, ritmos, como o samba e maracatu não deixaram de ser lembrados. A comemoração começou por volta das 11h e continuou durante toda a tarde com roda de capoeira, show de cavaquinho, encontro de escolas de samba de Sorocaba e apresentações de hip hop e dança afro na praça Frei Baraúna.

Cerca de 50 pessoas acompanharam a programação. A técnica de enfermagem Laura de Moura, 54, junto com a mãe, filha e genro participaram de todas as atividades. "Meu genro vai ser ator em uma das peças apresentadas e minha filha veio para dançar o maracatu". Sobre a importância do líder religioso que lutou pelas causas raciais, Laura enfatizou: "Acredito que todos aqui são devotos de João de Camargo, então o local não poderia ter sido mais especial. Essa é a casa de todos, a luta dele está no nosso sangue."
Segundo o presidente do Conselho Municipal de Participação e Desenvolvimento da Comunidade Negra (CMPDCN), Jefferson Adriano Valladares, o evento não é apenas uma comemoração, mas uma luta que ainda deve ser muito persistente. "Queremos trabalhar juntos para a construção de uma sociedade mais justa, onde todos têm os seus direitos respeitados e não buscar privilégios por ser de uma cor ou outra". Valladares também lembrou do maior líder do quilombo, Zumbi dos Palmares, que dedicou a sua vida lutando contra a escravatura no período do Brasil colonial. O quilombo tinha a função de lutar contra as doutrinas escravistas e também de conservar elementos da cultura africana no Brasil. "Zumbi significa a força do espírito presente, e é esse sentimento de luta que temos que manter acesso em nós para ter um mundo mais justo", afirma.

20 de novembro

A data é comemorado há de 30 anos pelos movimentos sociais. Mas foi somente em 2011, a partir da sanção da Lei 12.219, que se tornou oficialmente o Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra. A lei 10.639, de 9 de janeiro de 2003, incluiu o dia 20 de novembro no calendário escolar. A mesma lei também tornou obrigatório o ensino sobre História e Cultura Afro-Brasileira. Nas escolas, as aulas sobre os temas História da África e dos africanos, luta dos negros no Brasil, cultura negra brasileira e o negro na formação da sociedade nacional propiciam o resgate das contribuições dos povos negros nas áreas social, econômica e política ao longo da história do país.

Feriado suspenso
O Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-PR) concedeu uma liminar na segunda-feira suspendendo o feriado em homenagem ao Dia da Consciência Negra, em Curitiba. A decisão aconteceu em resposta ao pedido da Associação Comercial do Paraná (ACP), que alega que o feriado traria prejuízo aos comerciantes da capital. O projeto de lei que definia o dia 20 de novembro como feriado foi aprovado pela Câmara dos Vereadores de Curitiba no início do ano. No ato cívico em Sorocaba, uma nota de repúdio foi divulgada sobre a liminar do TJ. "É uma falta de respeito com todos os negros e negras, não só de Curitiba, mas de todo país", comentou Valladares. (Supervisão: Admir Machado)