TURISMO

Pouca coisa mudou na medina desde a idade média



No meio da rua, um homem tenta vender uma galinha. Ainda viva. A poucos metros, surgem cones gigantes de temperos. Na barraquinha ao lado, tâmaras. Uma infinidade delas. Não há como falar de Marrakesh sem falar de sua medina. Ao entrar na parte antiga da cidade, cercada por muros, a sensação é que pouca coisa mudou por ali desde a Idade Média.

Tudo remete ao cenário de um conto das mil e uma noites. A exceção fica por conta dos motoqueiros, que parecem fazer questão de atropelar turistas desavisados. Tome cuidado também com as bicicletas, que seguem a mesma lógica.

A regra por aqui é se perder pelo labirinto de ruas estreitas até encontrar a Praça Djemaa el Fna. O encantador de serpente, o homem do macaco amestrado, a mulher que faz tatuagem de henna... Todos estarão lá. Nem pense em se aproximar deles - muito menos bater uma foto - se não quiser desembolsar alguns dirhams.

A praça também é ponto de partida para explorar os souks, como são chamados os mercados de rua. Tudo aqui precisa ser negociado No começo, fiquei meio sem graça, meio sem paciência, mas depois entrei no clima da encenação. O ato final é virar as costas e ir embora se o preço não agradar (há casos em que o vendedor, arrependido, corre atrás de você). Depois de muita pechincha, impossível não comprar um lenço, uma louça, uma bolsa Fica difícil até de resistir às babuches, sapato de bico fino tradicionalmente usado por lá. Mas é preciso ter em mente que ela dificilmente terá outro papel em casa que de um souvenir de viagem.

De volta à praça, sempre ela, é hora de terminar o dia numa das barracas de comida típica, como tahines e cuscuz, que começam a ser montadas. Mesas, banquinhos, aromas. O lugar vira um restaurante a céu aberto.

Os músicos de rua também já estão a postos. O espetáculo vai até tarde da noite e é assistido por uma multidão que coloca, lado a lado, turistas e locais. Todos querem sentir o espírito dessa praça, que antigamente era o local de execução de criminosos e foras da lei. Um paradoxo em um lugar cheio de vida.

Fez

Outra medina famosa é a da cidade de Fez. Ali, as ruas são mais estreitas e os cenários parecem ainda mais autênticos do que em Marrakesh. Pelas mais de 10 mil vielas é possível esbarrar com artesãos talhando madeira ou operando uma máquina de tear. Os ofícios milenares estão todos ali.

O momento que mais impressiona é a visita a um curtume. Os tanques redondos escavados na terra, um ao lado do outro, formam um dos cartões-postais mais famosos do país (você com certeza vai se lembrar dali se assistiu à novela O Clone). Na entrada, ganha-se um ramo de hortelã para suportar o cheiro, que pode revirar estômagos mais sensíveis.


O QUE LEVAR


Dinheiro - Compre euros no Brasil e troque por dirhams quando chegar ao Marrocos. A maioria dos lugares não aceita cartão, então é bom ter sempre notas trocadas; 
* Protetor solar - Em cidades menores, você pode ter dificuldade para encontrar protetor solar. Leve na mala para não ter contratempos se a viagem incluir uma visita ao Saara;
* Dicionário - O árabe é a língua oficial do Marrocos, mas o francês também é bastante falado. Nos souks, é comum os vendedores enrolarem o espanhol, mas há também os que falam inglês.