Música sem fronteiras
Felipe Shikama
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O grupo musical Mawaca apresenta hoje, às 20h, no Sesc Sorocaba, o sétimo projeto denominado Inquilinos do mundo, lançado em maio do ano passado em CD e DVD. Essa será a primeira vez que o grupo Mawaca, que pesquisa e recria a música das mais diversificadas partes do mundo, se apresenta na cidade.
Considerada uma das produções mais audaciosas do grupo em 17 anos, o espetáculo Inquilinos do mundo apresenta melodias e ritmos dos povos nômades, refugiados, exilados e ciganos de todo o mundo. "O repertório desse projeto inclui músicas dos ciganos, que são os maiores representantes da situação nômade, do Leste Europeu como Macedônia e Bulgária, e também de refugiados do Haiti, entre outros", explica a cantora e diretora musical do grupo Magda Pucci.
Segundo Magda, é exatamente a situação nômade uma das principais responsáveis pelo enriquecimento da música desses povos. "Por onde os nômades passam, eles vão retendo informações. Isso faz com que a música, em especial, se torne tão plural. Pois, dependendo do percurso que eles fazem, essas camadas [de influência musical] vão se sobrepondo de forma diferente", detalha.
Apesar da distância, a diretora musical do Mawaca comenta que teve mais facilidade em realizar pesquisa sobre músicas balcãs, por exemplo, do que de determinadas tribos indígenas brasileiras. Aliás, o álbum anterior, Rupestres sonoros, faz uma homenagem à diversidade musical dos povos indígenas pouco conhecidos no Brasil. "A música europeia é bastante valorizada e documentada em livros, gravações e partituras, de fácil acesso inclusive na internet. Esse é o lado bom da globalização", afirma Magda.
Ao longo de 17 anos de carreira, o Mawaca já produziu sete álbuns e três DVDs. A gravação de Inquilinos do mundo foi viabilizada por meio de financiamento corporativo por meio do site Catarse. Já a masterização e mixagem foram custeadas com a ajuda de fãs e familiares dos integrantes do grupo.
Em todos os trabalhos, a proposta central do grupo é exemplificar, por meio da música, questões que passam pelo pluralismo cultural. "Nós buscamos abrir os olhos e ouvidos do público sobre questões ligadas à tolerância religiosa assim como às diferenças raciais, e fazer compreender as diferenças étnicas entre cada povo, seja ele, o homem indígena do norte do Brasil ou o muçulmano árabe ou o refugiado africano, assim como as questões femininas sempre presentes no universo sonoro do grupo", detalha.
A própria pluralidade étnica característica do repertório do Mawaca, reforçada com o projeto Inquilinos do mundo, começa com a escolha de seu nome. Em 1995, quando procurava um termo que definisse o espírito daquele projeto musical que estava por vir, Magda encontrou a palavra mawaka - com "k" que, na língua Hausa (idioma falado na Nigéria, por exemplo), significa cantores. "Também em nosso continente, a palavra Amawaca (ou Amahuaca) aparece para designar o povo indígena que vive na fronteira com o Peru, às margens do Orinoco. Já os índios Mehinaku do Xingu acreditam que "waka" são os mensageiros entre as aldeias", explica Magda.
O grupo Mawaca é formado por 13 integrantes, sendo seis cantoras e sete instrumentistas e, no espetáculo de Sorocaba, terá participação especial do percussionista Roberto Angeroza. Após o espetáculo, o público poderá adquirir o kit com CD e DVD de Inquilinos do mundo que custa R$ 50. Quem quiser conhecer mais sobre o trabalho do Mawaca pode acessar o site oficial do grupo: www.mawaca.com.br.
Serviço
O grupo Mawaca se apresenta hoje às 20h no Sesc Sorocaba. Os ingressos, ainda disponíveis até o fechamento desta edição, custam R$ 8 (inteira), R$ 4 (meia) e 1,60 (comerciários) e devem ser adquiridos na bilheteria da unidade. O Sesc fica na rua Barão de Piratininga, 555.