VIVA COM MAIS SAÚDE

Em torno de 15% dos casais têm problemas de reprodução



Lucas Spirim
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As técnicas de reprodução humana assistida, que têm como finalidade solucionar os efeitos da esterilidade e infertilidade conjugal através de procedimentos médicos, lidam com um universo de 15% dos casais, cujas mulheres têm dificuldade em engravidar, mesmo após um período médio de um ano de tentativas. Com os procedimentos de fertilização, é possível encurtar esse período pela metade às mulheres que tenham mais de 35 anos. Acima dos 40, aconselha-se uma avaliação antes de engravidar, pois a partir dos 35 pode ocorrer maior dificuldade, de acordo com urologista Mauro Bibancos de Rosa, mestre em ginecologia na reprodução humana e chefe do setor de Reprodução Humana do Hospital do Coração, em São Paulo.

A mulher tem um malefício que é o fim da vida reprodutiva. Então, é preciso ser um pouco mais proativa. Exames bem apurados precocemente podem dizer se ela terá caminhada reprodutiva mais curta; na 20ª semana de existência, a quantidade de óvulos que ela terá à disposição já estão estabelecidos. Não existe uma produção.



"O que ela consegue é preservar o que herdou com um bem-estar e ser saudável", lembra Mauro. No entanto, o homem, sem agressão externa, consegue revitalizar essa fertilidade e pode ter filhos com uma idade mais avançada.
"Foram feitos inúmeros trabalhos dizendo que os maus hábitos, principalmente o fumo e a bebida, podem impactar no declínio da fertilidade do homem e na mulher ter um findar precoce. Essas substâncias podem piorar a qualidade dos gametas (óvulos e espermatozoides)."

Ao ser questionado se a pílula anticoncepcional pode prejudicar a reprodução ao longo do tempo de uso, Mauro diz que não. "A pílula bloqueia a fertilidade, mas ao parar de ingeri-la, a mulher assume a fertilidade da época em que ela estiver, não preservando um fator de fertilidade." Hoje, 50% dos casos de infertilidade são de origem feminina, 40% masculina e 10% de ambos. O problema nos homens é dado por um único fator, o seminal, que pode resultar na alteração da quantidade e qualidade do sêmen em vários graus, assim até o fato de não ter mais espermatozoides na ejaculação. Na mulher existe uma gama de problemas, como os uterinos, ovulatórios, hormonais, endometriose, síndrome genética. Então, ela é mais complexa no processo avaliatório. "O grande segredo é tentar avaliar ambos ao mesmo tempo", diz o esterileuta (especialista em reprodução humana).

Além dos fatores citados, há um que merece atenção: o emocional. Este fator é importante e há uma diferenciação conforme problema de base. De acordo com o médico, quando o emocional feminino altera-se, o homem fornece o suporte. Porém, no sexo masculino existe uma confusão entre a infertilidade e masculinidade, sendo um quadro pior, de acordo com Mauro. Um atendimento humanizado, entender cada problema, os anseios do casal, e tentar dar uma resposta técnica para dar o conforto do que fazer são elementos fundamentais na ajuda médica. "A mulher expõe o problema à amiga, família. Já o homem é introvertido em relação a isso, tem pouca leitura aos leigos na internet e ainda não é um foco no qual confia", completa Mauro.

Para as mulheres e homens que serão submetidos à quimioterapia ou outro tratamento agressivo, é recomendado que eles guardem os gametas em bancos de armazenamento, pois nunca se sabe os efeitos dessas medicações no corpo. "É factível nos casos das mulheres a idade, com 35, 36 anos, e não tem ninguém em vista para formar filhos. Então guardam os óvulos para ter esse momento. Um óvulo congelado não tem prazo de validade", elucida Mauro. Estima-se que pode engravidar até os 50 anos. E uma orientação recorrente aos homens é: opte em guardar os gametas quando se submete à vasectomia. (Supervisão: Adalberto Vieira)

Fertilização in vitro é feita em 90% dos casos

A fertilização in vitro é o tratamento mais abrangente e o mais usado para os casos de infertilidade, sendo indicado aos casais com problemas nas alterações tubárias, endometriose, alterações no sêmen (quantidade/qualidade dos espermatozoides) e idade materna avançada, por exemplo. De acordo com Mauro Bibancos de Rosa, este procedimento é realizado em 90% dos casos de reprodução assistida.

Esta técnica pode ter de 0 a 100% de eficiência, mas é um método que traz muito sucesso na maioria dos casos, principalmente em pacientes mais jovens. Aos que realizaram, ela tem uma média de 20% de casos de gêmeos e 0,4% de trigêmeos. "No passado colocava-se muito embrião para vencer o processo pelo número embrionário. Com a tecnologia, obteve-se um sucesso maior com um numero menor de embriões", diz Mauro.

A fertilização in vitro é feita com um embrião que vive cinco dias e que tem algumas dezenas de células. Nesse 5º dia, retira-se algumas células que são estudadas para realizar o laudo e dizer se é cromossomicamente perfeito, e também o do sexo. A escolha do sexo não pode ser feita por uma opção pessoal, mas eventualmente é necessário em casos de doenças em que o fator sexual é importante. "Todos os homens da família têm uma doença. Então, pode escolher uma menina para evitá-la."

Esta técnica pode ser feita mais de uma vez, mas, se a mulher tiver mais de 40 anos, ela própria não terá a mesma capacidade reprodutiva. Então existe uma indicação para realizar o processo o mais cedo possível. Também há as relações mais simples, como a relação programada, que contorna o problema ovulatório da mulher e sabe-se quando ela ovula para a relação ser num dia específico.

Após a colocação do embrião, 12 dias depois é feito o teste de gravidez. E, em torno de mais duas ou três semanas, é feito o ultrassom para ver o batimento cardíaco. "É uma gravidez normal, os cuidados são os mesmos. Existe um ciclo menstrual e que não será inventado, será amplificado. Durante a menstruação, é iniciada a medicação que faz ovular mais, durará o mesmo período, mas numa potência maior. O findar desse processo se faz com teste de gravidez, levando, o processo inteiro, 25 dias." Os riscos são os iguais ao da gravidez normal.

De acordo com o médico, o custo para realizar a fertilização está mais acessível e caiu pelo menos três vezes do que era há três anos. "São poucos lugares que realizam no setor público, a fila é grande, mas existe a possibilidade. Tem que ter paciência."