Boituva é município que gera mais empregos
Anderson Oliveira
anderson.oliveira@jcruzeiro
Das 16 cidades abrangidas pela circulação do jornal Cruzeiro do Sul, Boituva foi a que registrou o maior índice de geração de empregos nos últimos 12 meses, o que representou uma elevação de 8,35%, segundo os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e Emprego, divulgados em fevereiro. A média de crescimento na oferta de empregos com carteira assinada foi de 3,62%. Oito das cidades registraram crescimento de 3,3% a 8,35%, enquanto Araçoiaba da Serra e Iperó tiveram retração no número de empregos formais. Já na comparação entre o último mês e dezembro de 2013, a média de geração de emprego nestes municípios aponta retração de 0,01%. Os dados revelam, ainda, que Boituva, Capela do Alto e Itapetininga, juntas, perderam 1.536 postos de trabalho no setor da agropecuária nos dois últimos meses.
O levantamento aborda as cidades de Alumínio, Araçoiaba da Serra, Boituva, Capela do Alto, Iperó, Itapetininga, Mairinque, Piedade, Pilar do Sul, Salto de Pirapora, São Miguel Arcanjo, Tatuí e Votorantim. Os dados de Sarapuí e São Roque, que também integram a região, não foram disponibilizados pelo Caged.
Boituva
O município que registrou o melhor índice de geração de emprego no apanhado de 12 meses foi Boituva, com um saldo de 1.520 novos trabalhos formais, o que representou elevação de 8,35%. Os dados de janeiro, contudo, apontam crescimento de apenas 0,26% na comparação com o mesmo mês em 2013, com saldo de 51 novas carteiras assinadas.
O prefeito de Boituva, Edson Marcusso, explica que o aumento na geração empregos se deve à política de atração de empresas adotada nos últimos anos pela administração pública da cidade. "Foi um dos três pilares da cidade; e duas indústrias contribuiram ainda mais para alavancar o emprego", diz. A criação de uma Secretaria de Desenvolvimento Econômico, que atua no sentido de fazer gestão junto a órgãos de classe, como a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e ainda junto ao Governo de São Paulo também contribuiu para os bons resultados do município, acrescenta.
Além disso, Marcusso destaca os pontos fortes de Boituva, como a localização e a oferta de mão de obra qualificada. "Estamos próximos às rodovias, perto de São Paulo e a apenas 30 quilômetros da capital regional, Sorocaba." Ele diz, ainda, que o município tem trabalhado na formação de mão de obra. "Nós abrimos o Senai e incentivamos a vinda de novos cursos para o Instituto Federal; e também tivemos a autorização do governador para a criação de uma Etec", complementa.
Municípios e setores
O melhor índice de janeiro foi da cidade de Mairinque, que, no mesmo comparativo, teve alta de 1,43%, ou 137 admissões a mais que o número de demissões. O pior resultado entre as 13 cidades foi o apresentado por Votorantim, com saldo negativo de 212 empregos, ou queda de 1,24% em no mês passado ante o mesmo período de 2013.
Com poucas exceções, o Caged revela que, enquanto o setor Industrial retomou as contratações, depois das demissões de dezembro, os setores de Comércio e Serviços seguem pelo caminho oposto. Em Itapetininga, por exemplo, houve um saldo positivo de 171 novos trabalhos formais na Indústria, enquanto que no Comércio, ocorreu redução de 170 postos. A geração de emprego no setor Industrial em Votorantim, contudo, não acompanhou o desemprego do Comércio. Enquanto sete vagas foram abertas na indústria, 131 foram demitidas a mais nos comércios da cidade, além de 103 no setor de serviços.
Outro setor que apresentou crescimento na região, no acumulado dos últimos 12 meses, foi a Construção Civil. Com exceção de Araçoiaba da Serra, Capela do Alto e Votorantim, todas as cidades tiveram alta na geração de empregos deste setor. Os maiores destaques, foram Iperó, com 134,78% trabalhadores a mais, e Alumínio, com 52,25%.
Agropecuária
As cidades de Boituva, Capela do Alto e Itapetininga, juntas, tiveram perda de 1.536 postos de trabalho no setor da agropecuária entre dezembro de 2013 e janeiro deste ano. Apenas Itapetininga representa mais que a metade desse número, com 569 demissões a mais em dezembro e 238 em janeiro. Dezembro foi o pior mês também para Boituva, que teve saldo negativo de 388 empregos, enquanto Capela do Alto registrou 293 empregos a menos no setor.
Em Boituva, de acordo com o secretário de Agricultura e Meio Ambiente, Geraldo Celestino Correa, diversos fatores podem explicar as demissões da agropecuária neste período. "Estamos num período de estiagem, que mexe com a produção; tem perda no milho e na soja", afirma. Mas ele destaca que a cultura de cana de acúçar é a predominante na cidade e o período atual é de entressafra. "Em dezembro, a colheita para e só voltaria em abril, mas estão antecipando", acrescenta.
A finalização da safra de cana de açúcar nos meses de dezembro e janeiro também influenciaram no índice de emprego desse período, informa a Secretaria de Trabalho e Desenvolvimento de Itapetininga. "Por isso o grande número de demissões de trabalhadores temporários para colheita da cana", diz.
Situação sazonal
A leve retração de janeiro deste ano comparado com o mesmo mês do ano anterior significa, para o economista e professor da Universidade de Sorocaba (Uniso), Lincoln Lima, que os índices representam uma situação sazonal. "Todo começo de ano, há uma retração no nível de emprego", diz.
Ele explica que janeiro é um mês de "baixa atividade econômica, com queda nos Serviços e no Comércio". "As pessoas têm muitas contas para pagar", destaca Lincoln.
Já em relação à agropecuária, o economista diz que várias fatores podem incidir no desemprego do setor, como a automatização, o período de enfressafra ou mesmo a diminuição de algumas safras.
A perspectiva para este ano, ainda de acordo com o professor Lincoln Lima, é de que o setor agropecuário se recupere, uma vez que ele não é vulnerável como a Indústria às oscilações econômicas que ocorrem no País. "Mas a região de Sorocaba é industrial e pode ser mais afetada pelo desemprego", conclui.