SOROCABA E REGIÃO

Gaeco apura denúncia contra diretor do CDP



Wilson Gonçalves Júnior
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O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) apura denúncias de eventuais irregularidades e crimes praticados pela direção do Centro de Detenção Provisória (CDP) de Sorocaba na gestão de Márcio Coutinho. O procedimento investigatório, que está sob segredo de justiça, já ouviu quatro testemunhas e colhe provas, com a intenção de verificar se as denúncias de facilitação de entrada de drogas e telefone celulares, além da venda de mordomias dentro da unidade prisional, como celas com televisão, ventilador, geladeira e micro-ondas, são verdadeiras.

Os promotores de Justiça Cláudio Bonadia de Souza e Antônio Domingues Farto Neto disseram que até ontem não havia elementos para pedir a prisão preventiva de nenhum dos acusados. A Secretaria da Administração Penitenciária (SAP) disse, por meio de nota, que está apurando as denúncias. Hoje uma reunião deve ocorrer em Sorocaba entre promotores do Gaeco e membros da corregedoria da SAP.

As denúncias foram mostradas anteontem no programa Conexão Repórter, do SBT, apresentado pelo jornalista Roberto Cabrini. Ontem, em coletiva realizada no Gaeco, os promotores afirmaram que não podem citar os motivos, a linha e o objeto da investigação. De acordo com Bonadia, o procedimento investigatório está em segredo de justiça e foi aberto no ano passado.

"Pode ser dito que tramita no Gaeco procedimento investigatório criminal que tem como finalidade apurar eventuais irregularidades e eventuais crimes praticados pela direção do CDP", esclareceu o outro promotor, Farto Neto.

Bonadia alegou que outras pessoas devem ser ouvidas nos próximos dias e que os depoimentos têm a finalidade de verificar se os fatos são verdadeiros ou não. Farto Neto indicou que os promotores ainda não têm o número de vítimas que podem ter sofrido qualquer tipo de coerção por parte da direção, seja funcionários, parentes, detentos ou ex-detentos e aproveitou para convocá-los. "O Gaeco está aberto para receber essas pessoas para colher o depoimento", disse.

Os promotores explicaram ainda que numa investigação do Gaeco não se pode afastar a possibilidade de existir crime organizado, da existência de mais pessoas envolvidas, ligadas ou não a administração pública. "Não há como centralizar a acusação numa pessoa determinada e nem como descartar a participação de outras pessoas neste esquema de propina", adiantou Farto.

Proteção

O Gaeco afirmou ontem que se houver a necessidade, diante de possíveis perseguições, vai incluir as testemunhas no programa de proteção do Estado de São Paulo. Farto Neto explicou que o programa é eficiente e que a pessoa incluída muda o endereço, de cidade e providencia até documentos novos.

Correição

O promotor Cláudio Bonadia de Souza acredita que a SAP fará uma correição no CDP para apurar as denúncias e explicou que o Gaeco não instaura procedimento se não existir fundamento.

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