MOTOR

Triciclos ganham espaço por unirem sensação de liberdade e segurança




De uns tempos para cá, o mercado de motocicletas no mundo viu surgir uma nova "categoria": a de triciclos. Com a proposta de tornar mais fácil a pilotagem e ser mais estável que uma moto "convencional" -- mas com dimensões semelhantes -- os modelos de três rodas ganharam adeptos. O pontapé inicial foi dado pela italiana Piaggio e seu scooter-triciclo MP3 há oito anos. O pequeno veículo conquistou a Europa e já ultrapassou a marca das 150 mil unidades comercializadas. A "resposta" demorou um pouco, mas Peugeot -- isso mesmo, a marca de automóveis -- e Yamaha lançaram os seus. Buscando outro público, a Harley-Davidson criou o seu conceito de triciclo com o Tri Glide Ultra. No Brasil, o único representado é o canadense Can-Am Spyder, mas é difícil "topar" com um nas ruas.
No Velho Continente, condutores com habilitação apenas para automóveis podem pilotar triciclos. E o êxito também passa pela proposta do veículo. Ele acopla as duas rodas dianteiras junto a um sistema de paralelogramo formado por braços em alumínio. De acordo com a Piaggio, esse sistema que funciona em conjunto com a suspensão eletro-hidráulica permite uma pilotagem semelhante à de qualquer motocicleta convencional, mas com maior estabilidade e segurança para quem vai em cima.
Atualmente, há nove variações do scooter-triciclo com versões urbanas, esportivas e até mais formais, para ir ao trabalho. O modelo também já conta com tecnologias avançadas como freios ABS e controle de tração. Ele pode ser equipado com um motor monocilíndrico de 278 cc que é capaz de gerar 22,5 cv a 7.750 giros e um torque de 2,44 kgfm a 5.750 rpm. Outra opção é um propulsor de 493 cc capaz de entregar 40 cv. Há ainda uma configuração híbrida MP3 Hybrid 300ie que alia o motor a combustão de 278 cc e 25 cv e 2,8 kgfm a outro elétrico de 3,5 cv de potência máxima e 1,5 kgfm de torque. Dotado de câmbio de relações contínuas CVT, o scooter de 257 kg possui quatro modos de condução. Os preços vão desde 6.770 euros R$ 20.500 até os 9.690 euros o equivalente a R$ 29.400.
A Peugeot mostrou no final de 2012, o Metropolis 400i. O triciclo com duas rodas dianteiras também tem dirigibilidade de moto comum e traz um motor monocilíndrico de 399 cc com refrigeração líquida e injeção eletrônica. A potência é de 35 cv e o torque máximo é de 3,87 kgfm. O Metropolis usa câmbio do tipo CVT e pesa 258 kg.
Mais recente é o projeto da Yamaha. Em março desse ano, a marca oriental lançou o Tricity. Segundo a fabricante, o scooter-triciclo se baseia em quatro pilares: leveza, agilidade, dirigibilidade esportiva e estabilidade. O modelo adota o chamado Leaning Multi Wheeler LMW , permitindo que as duas rodas frontais inclinem com o movimento do chassi.
A nova moto ainda traz a expertise da MotoGP principal campeonato duas rodas do mundo. O peso é dividido perfeitamente entre o eixo dianteiro e traseiro. Outro fator que contribui para o equilíbrio da moto é a posição do tanque de combustível, que está o mais próximo possível ao centro de gravidade do scooter. Para tirar os 152 kg do Tricity do lugar, a fabricante japonesa instalou um motor 125 cc de 11 cv e 1,1 kgfm de torque. Com o competitivo preço de 4 mil euros R$ 12 mil na Europa, a Yamaha espera comercializar 10 mil unidades do modelo em 2014.
No Brasil, a primeira marca a investir nesse segmento foi o grupo canadense BRP. A empresa inovou ao trazer o Can-Am Spyder, que se assemelha a motos maiores e difere do tradicional com duas rodas espaçadas na frente e uma atrás. "O formato em Y proporciona mais estabilidade e um dos principais atributos é a facilidade de pilotar", garante Adilson Greco, do marketing da BRP Brasil. Com versões para touring, intermediária e esportiva e valores que vão de R$ 47.900 até os R$ 84.900, Greco aponta quem procura esse tipo de veículo. "Temos o mais variado tipo de público, em faixa etária e estilo de vida, porém todos têm em comum a busca por um veículo premium, seguro, avançado tecnologicamente e exclusivo", comenta.
A maioria dos países da Europa exige uma habilitação válida para automóvel para dirigir o Spyder. Em outros países e especialmente na América do Norte, algumas jurisdições exigem uma carteira de habilitação de moto ou de triciclo. Por aqui, para pilotar o Can-Am Spyder a legislação brasileira exige do condutor a CNH de categoria A, para motocicletas. Tudo para "domar" o dois cilindros de 998 cc que fornece 100 cv a 7.500 rpm e 11 kgfm de torque a 5 mil giros. O motor é da austríaca Rotax, também parte do grupo BRP. Em termos de tecnologia, o Spyder traz freio antiblocante, controle de estabilidade, controle de tração, direção dinâmica assistida, sistema anti-furto e transmissão semi-automática, entre outros itens.
A Harley-Davidson é outra fabricante que apostou nesse estilo, mas com uma proposta diferente. Entre 1932 e 1973, a marca produziu veículos desse tipo, mas levavam o nome Servi-Car. Tempos depois, a empresa Lehman Trikes começou a transformar motos da marca de Milwaukee em triciclos. Em 2008, a Harley entrou em acordo com essa companhia para fornecer peças genuínas para a construção. Mas, com a morte do fundador John Lehman, em janeiro de 2012, a Tri Glide passou a ser feita exclusivamente pela Harley-Davidson. Para dar suporte ao veículo de três rodas duas atrás e uma na frente , a Harley promoveu algumas modificações. O chassi tubular é novo para garantir segurança e conforto. As alterações na arquitetura visaram dar maior rigidez à motocicleta em mudanças de direção e também suportar o peso de 551 kg em ordem de marcha. Nos Estados Unidos, o Tri Glide Ultra é vendido por US$ 32.500 cerca de R$ 74 mil. (por Raphael Panaro - Auto Press)