CULTURA

Documentário de Carlos Cavalheiro e Ricardo Schadt participa do Festival do Filme Anarquista e Punk



Maíra Fernandes
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A cultura anarquista, suas diversas ações e correntes, é o tema do documentário Alter Nativa - II Feira Anarquista de São Paulo, realizado pelo historiador Carlos Carvalho Cavalheiro e Ricardo Schadt, e selecionado para participar da 3ª edição do Festival do Filme Anarquista e Punk de São Paulo. A dupla, que recentemente venceu o Mapa Cultural Paulista com o obra Em busca do Unhudo, exibe o documentário no dia 7 de dezembro, domingo. O festival acontece entre os dias 5 a 7 de dezembro, na capital.
O documentário, inédito em Sorocaba, dá conta do registro da Feira Anarquista, no Tendal da Lapa, ocorrida em dezembro de 2011. "O documentário é todo sobre a feira, tem o cheiro, o sabor, o momento da feira. Havia um interesse mútuo, meu e do Ricardo Schadt, que assina a produção, em realizar documentários. A feira era uma oportunidade de exercitar isso, até por ser um evento - naquela época - inusitado e que não tinha garantia de continuidade. A primeira feira anarquista tinha ocorrido 5 anos antes", defende Cavalheiro, diretor da obra.
Além do motivo do ineditismo do evento, Cavalheiro reforça também que a possibilidade de mostrar algo novo para muitas pessoas foi um incentivador para seguirem em frente com a produção. "A feira mostra exemplos de organizações anarquistas que estão tendo sucesso, desde editoras a permacultura ou coletivos culturais. É uma gama enorme de organizações com os mais diversos objetivos."
Iniciado antes mesmo do Em busca do Unhudo, mas com processo similar e os mesmo equipamentos rudimentares, sem muita sofisticação, o documentário aposta mais no conteúdo, conta Cavalheiro. "O do Unhudo teve boa aceitação, vencendo até o Mapa Cultural Paulista. Estamos agora divulgando esse outro e ter sido selecionado para o festival é bastante interessante em termos de divulgação do nosso trabalho", comemora o historiador.
O processo de edição contou com a ajuda técnica do produtor Cleiner Micceno, da Mambo Produções. E como tinham um roteiro e sabiam o que queriam, Cavalheiro classifica que a montagem foi relativamente fácil de fazer. "Registramos exatamente o que foi a feira daquele ano, evidenciando as diversas correntes anarquistas e libertárias que estavam presentes e a proposta da feira. Há momentos em que explicitamos isso por meio de falas e em outros por meio de imagens. Por exemplo, havia um grupo pertencente ao Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), que estava vendendo seus produtos naquela feira. Não colhemos o depoimento deles, mas exibimos as imagens de sua participação", exemplifica.
Anarquismo
Carlos Carvalho Cavalheiro e Ricardo Schadt destacam o que chamam de ousadia na linguagem cinematográfica, presente em tomadas inusitadas no documentário, e na colagem de imagens que acabam dialogando entre si, ainda que originalmente captadas em contextos diferentes. "A proposta do vídeo é mostrar que existe uma organização anarquista atuante que entrega para a sociedade propostas factíveis de atuação e organização independentes do Estado", defendem sobre a obra, que apresenta diversas formas e conceitos de anarquismo.
Apesar de apresentar o anarquismo como proposta, o diretor adianta que o filme não é panfletário ou proselitista. "Não é nosso objetivo convencer ninguém e nem ao menos converter ou doutrinar. A ideia é apresentar o anarquismo como proposta viável porque é uma experiência viva, que está acontecendo em diversas organizações e em diferentes lugares. É afastar a pecha de anarquismo como totalmente utópico ou, pior ainda, como baderna, desorganização. Ao contrário, o anarquismo exige um nível absurdamente alto de organização. No entanto, segue quem quiser, quem achar que deve", defende Cavalheiro.
O documentário já foi exibido o ano passado, na IV Feira Anarquista de São Paulo, e em um evento em Santos, em julho deste ano, na Cinemateca. O documentário também é utilizado pelos organizadores de feiras anarquistas e, segundo Cavalheiro, estão aguardando um espaço para apresentá-lo também em Sorocaba. Quem tiver interesse, pode acessar a produção no Youtube.
Serviço
O festival acontece entre os dias 5 e 7 de dezembro, no Tendal da Lapa, na rua Constança, 72, São Paulo. Já o documentário Alter Nativa - II Feira Anarquista de São Paulo será exibido no dia 7, às 16h45, na sala 1, sessão "Anarquismo na América Latina II".