Andropausa acomete 10% dos homens com idade entre 40 anos e 60 anos
José Antônio Rosa
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Não é só para se submeter ao exame de toque retal, que previne o registro do câncer da próstata, que os homens devem ir pelo menos uma vez por ano ao urologista. O mesmo cuidado vale para os eventuais sintomas relacionados à andropausa que é, de acordo com o médico Braulio Regiani Passos, a queda natural e progressiva dos níveis de testosterona (hormônio masculino).
Ao contrário do que acontece com as mulheres, os efeitos nos homens, observados a partir dos 50 anos, são sentidos de forma gradativa. As manifestações indicativas do quadro, de acordo com o especialista, envolvem a diminuição da vontade de fazer sexo; dificuldades de ter ereções, redução da massa muscular; aumento da gordura corpórea, osteoporose, fadiga e irritabilidade.
A disfunção, segundo Passos, é mais comum na faixa etária compreendida entre 60 e 70 anos. Estatísticas revelam que, nesse período cronológico da vida, 20% dos homens apresentarão a sintomatologia. Prevenir a andropausa não é exatamente fácil, como assinala o médico Braulio Passos. "Concorrem para o quadro fatores próprios do estilo de vida, aí incluídos a alimentação com dietas pobres em vegetais e em fibras, a baixa atividade física, a baixa atividade sexual, a obesidade, o tabagismo, o uso de medicamentos, de drogas, do álcool, o estresse físico e psíquico. Logo, a prevenção envolve mudança de hábitos e sua substituição por práticas saudáveis. Garantir uma qualidade de vida melhor a partir de determinado momento é a alternativa".
Passos diz que a andropausa não é um processo isolado, mas parte de outro mais amplo chamado senescência, que ocorre a partir de várias idades e por fatores variados, dos quais o mais importante é a hereditariedade, com sinais e sintomas, semelhantes à queda de testosterona.
O tratamento para a andropausa depende tanto da avaliação clínica, quanto também das análises laboratoriais. Na avaliação clínica, explica Braulio Passos, verifica-se a diminuição da massa muscular e da força física, aumento da gordura abdominal, osteoporose, baixa libido e, como consequência, as dificuldades eréteis. "Convém não esquecer que o homem idoso pode apresentar esses sintomas somente devido à senescência; por isso, os exames de laboratório devem comprovar a baixa da dosagem da testosterona no sangue".
Reposição hormonal
Questão polêmica que envolve o tratamento da anomalia está relacionada à reposição hormonal. O procedimento, segundo alguns estudos, provocaria o câncer de próstata. O especialista, porém, tem outra leitura do quadro. "O tratamento com reposição hormonal, não causa câncer de próstata, conforme mostram os trabalhos científicos, mas tumores de próstata ainda não identificados podem ser ativados com o uso da testosterona".
"Por isso, é importante que pacientes que usam o hormônio sejam monitorados a cada 4 a 6 meses, com exames clínicos e de laboratório. Quando o PSA estiver elevado não é recomendado fazer a reposição. O mesmo se aplica quando durante o uso da testosterona surgir um aumento do PSA ou alteração do toque retal. Neste caso, o tratamento deve ser suspenso".
A queda da testosterona atinge o índice de 1% ao ano a partir dos 40 e até os 50 anos de idade. Isso explica, segundo o especialista, porque a maioria dos homens chega aos 75 anos com 65% da testosterona encontrada em homens jovens, incidência considerada normal.
Braulio Passos conclui dizendo que estudos apontam que a andropausa acomete 10% dos homens entre 40 a 60 anos, 20% entre 60 e 80 anos e 40% a partir dos 80 anos. "E esses pacientes somente deverão ser tratados com reposição hormonal quando o quadro clínico estiver alterado e a dosagem laboratorial da testosterona estiver abaixo dos valores da normalidade", conclui.