CADERNO DE DOMINGO

FEB publicou o jornal O Cruzeiro do Sul


 
De 3 de janeiro a 31 de maio de 1945, o Serviço Especial da Força Expedicionária Brasileira publicou 34 números do jornal O Cruzeiro do Sul. O conjunto de publicações foi encerrado com uma edição especial. O jornal era editado duas vezes por semana, às quartas ou quintas-feiras e sempre aos domingos.
 
Uma edição especial com os conjunto de todas as edições do jornal foi publicada em 2011 pela Léo Christiano Editorial, do Rio de Janeiro. O projeto editorial é de Léo Christiano Soares Alsina. Trata-se de edição comemorativa dos 30 anos da Poupex (Fundação Habitacional do Exército), dos 80 anos do Clube Filatélico do Brasil e dos 200 anos da Academia Militar das Agulhas Negras.
 
Em mensagem publicada na abertura do conjunto das edições do jornal, o general de Divisão Reformado Octavio Costa conta que O Cruzeiro do Sul não foi a única publicação de iniciativa dos pracinhas, mas certamente a mais bem sistematizada, até porque escrita por expedicionários de todos os postos e patentes. O jornal era produzido nas dependências do Quartel-General da Divisão Expedicionária.
 
"O resgate desse conjunto de publicações, depois de tanto tempo decorrido, é uma valiosa contribuição à pesquisa e ao estudo de historiadores e de quantos se interessem pela participação do homem brasileiro no maior conflito armado da História da humanidade", escreve Octavio Costa. Também considerou a publicação "um extraordinário serviço à memória da FEB".
 
 
Seções do jornal
 
 
O jornal era impresso em Florença, na Itália, e tinha edição estimada em 5 mil exemplares. Tinha seções bem separadas: noticiários do Brasil e internacional, novidades da guerra, cartas do Brasil, proclamações e mensagens de chefes militares nacionais e estrangeiros, registro de ações relevantes, notícias das unidades de todas as armas e serviços, citações de combates e condecorações.
 
Os principais colaboradores de O Cruzeiro do Sul eram os correspondentes de guerra, brasileiros e estrangeiros, assim como integrantes de unidades militares. Entre os cronistas e jornalistas colaboradores estavam Rubem Braga, do Diário Carioca; Joel Silveira, dos Diários Associados; Raul Brandão, do Correio da Manhã; Egydio Skeff, de O Globo; Francis Hallawell, da BBC; Bagley, da Associeted Press.
 
 
Conteúdo
 
 
O primeiro número saiu no dia 3 de janeiro de 1945. Trazia notícias do Natal de 1944 entre os pracinhas. Entre os destaques estava a notícia de que o pintor Cândido Portinari doou um quadro de sua autoria para ser leiloado em benefício das famílias dos pracinhas convocados para a FEB.
 
O cabo José César Borba assumiu a chefia de Redação e passou a assinar a coluna Cartas do Brasil, publicada sempre na página 2, no alto à direita.
 
No dia 7 de janeiro, um domingo, circulou o número 2. Logo na primeira página, o correspondente Rubem Braga assinava a matéria Com a FEB na Itália. Na coluna Cartas do Brasil, o cabo José César Borba falava da madrinha de um soldado chamado Maciel. Era um costume cada expedicionário ter sua madrinha, o que (imaginava-se) ampliava o elo afetivo com a Pátria. Em alguns casos esse tipo de relação acabou em casamento.
 
A partir do número 2, geralmente na página 3, o jornal estampou a imagem de uma cidade brasileira. A série começou com São Paulo da garoa.
 
A seção de Esportes noticiou a eleição de Augusto Frederico Schimidt à presidência do Botafogo. Já se falava sobre os preparativos para o Carnaval daquele ano e a maioria das composições se inspirava na campanha da FEB. Já se falava em um novo estádio esportivo no Brasil, que resultou no Maracanã em 1950. (Carlos Araújo)