ECONOMIA

Bom Prato completa 9 anos em Sorocaba




Telma Silvério
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Com o cardápio na ponta da língua, o aposentado José Curdoglo, de 67 anos, da Vila Assis, é freguês assíduo do restaurante popular Bom Prato, de Sorocaba. "Só não venho de sábado e domingo porque não abre. A comida daqui é nota 11", ressalta. Além de 1.300 almoços ao custo de R$ 1 cada, o espaço serve 200 cafés da manhã de segunda a sexta-feira, a R$ 0,50 centavos. Dia 22 de fevereiro o Bom Prato de Sorocaba completa 9 anos, com cardápio especial no dia 24. Instalado próximo ao Hospital Regional, o restaurante é destinado principalmente a alguns segmentos da população como desempregados, pessoas de baixa renda e moradores de rua. O fluxo, no entanto, inclui trabalhadores da área da saúde e de setores administrativos da região. A maior parte da clientela, segundo Maria Inês de Castro, presidente voluntária do Centro Social São Camilo, entidade que administra o local, reside mesmo em Sorocaba.
A rede Bom Prato tem subsídio do Governo do Estado de São Paulo, por meio da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social. Em Sorocaba, a unidade é gerenciada pelo Centro Social São Camilo, que é uma obra agregada à Paróquia São Lucas, no bairro Vergueiro. Maria Inês informa que o restaurante abre às 11h, com a fila preferencial (idosos, deficientes físicos e mulheres com crianças de colo). Ao atingir a cota de 1.300 refeições, por volta das 14h, o atendimento encerra. Geralmente, no cardápio são oferecidos os seguintes alimentos: arroz branco, feijão, mistura, salada, uma fruta e suco. Embora a equipe conte com nutricionista, ela explica que as refeições são fornecidas por uma empresa terceirizada, a Zattar Alimentos. "Acabou a comida acabou. Não tem mais. É a nossa capacidade", justifica.
Em datas especiais e comemorativas como Páscoa e Natal, revela, o cardápio normalmente é especial. O investimento para a implantação da unidade de Sorocaba (reformas e adequações do prédio, aquisição de equipamentos e utensílios de cozinha) foi de R$ 180 mil, sendo R$ 100 mil do Estado e o restante pela entidade parceira. Atualmente a equipe é formada por dez pessoas para servir o café da manhã (café com leite, uma fruta e pão com manteiga ou com frios) e as refeições. Maria Inês fala da necessidade de maior interação com os clientes do Bom Prato para saber o que pode melhorar. "Pretendo manter um funcionário direto aqui para a gente conhecer as necessidades e poder se estruturar melhor", adianta.

Qualidade e preço

O aposentado José Curdoglo se derrama em elogios ao falar da refeição do Bom Prato. "Onde vamos achar uma comida de qualidade a R$ 1?", questiona. Normalmente ele é um dos primeiros da fila. "Temos fila preferencial." Embora resida em Votorantim, cidade vizinha, a aposentada Helena Lopes, 57, e sua filha, a auxiliar de produção Patrícia Rolim, 31, conheceram o restaurante recentemente. A filha que se recupera de um acidente era atendida no Hospital Modelo, mas ao passar por uma clínica nas imediações do CHS ficou sabendo do local. "Uma colega convidou e não sabia o que era. Ela disse: Vamos no R$ 1 real? E aqui estou." Curdoglo afirma que conhece toda a equipe da cozinha, além de pessoas com quem costuma conversar na fila ou ao sentar-se na mesma mesa. "A gente acaba conhecendo muita gente."
Pai de três filhos e avô de sete netos, ele explica que mora sozinho e gosta de almoçar no Bom Prato. "Chego entre 10h e 10h50. Aqui servem primeiro os idosos, cadeirantes e mulheres com criança de colo." Para o aposentado Antonio Leme dos Santos, 67, da Vila Fiore, a comida "é boa". "Não venho sempre. De quarta-feira tem feijoada." Maria Inês, do Centro Social São Camilo, explica que para muitos idosos e moradores de rua, o almoço do Bom Prato, muitas vezes, é a única refeição do dia. "Não existe um lanche que custe R$ 1. Aqui é servida uma alimentação de qualidade, com arroz, feijão, um tipo de carne, legumes, sobremesa e suco."

Obra social

Maria Inês de Castro - preside a nova diretoria do Centro Social São Camilo - explica que o serviço da entidade é anterior ao restaurante popular, tendo começado com um padre chamado Camilo que costumava servir café da manhã de graça na porta da sua casa. Sua obra teve continuidade pela Paróquia São Lucas. Paralelo ao café da manhã do Bom Prato, os voluntários servem atualmente, de segunda a sexta-feira, um total de 300 cafés da manhã (café com leite e pão com manteiga), das 7h às 9h, a moradores de rua, pacientes e acompanhantes que passam pelo Conjunto Hospitalar de Sorocaba (CHS). O Centro Social São Camilo oferece os cafés com a ajuda de colaboradores que doam alimentos (café, leite, pães e açúcar) e por meio da venda de artesanatos confeccionados por voluntários.
Há cerca de dois anos, a presidente do Centro Social conta que lidera um grupo de voluntárias que dão aulas de graça de tricô, crochê, fuxico e pintura em tecidos. As aulas são ministradas toda terça e quinta-feira, das 10h às 13h, num espaço cedido pela Paróquia São Lucas. "É só ir até lá. Nosso único objetivo é ensinar o que sabemos. Ao mesmo tempo acaba sendo uma terapia para quem se propõe a aprender e a quem ensina. Também pode se tornar uma fonte de geração de renda", sugere. Todo o material é comercializado e sua renda revertida ao café da manhã. Ela informa que a entidade precisa de mais doações (produtos para o café da manhã e copos descartáveis) e voluntários que queiram dedicar algumas horas à obra.
A diretoria do Centro Social São Camilo - eleita no final de novembro para o biênio 2015-2016 - assumiu no mês de janeiro, sendo composta pelos seguintes voluntários: Maria Inês de Castro (presidente); Clair Labrunetti (vice-presidente); Milton Martins Gori (1º tesoureiro); Elizabeth Mesquita Fogaça (2ª tesoureira); Cirene Rydal Tonelli (1ª secretária); Antônio Gavioli (2º secretário); e José Antônio de Oliveira (diretor de Patrimônio). Como conselheiros titulares estão José Duarte Júnior, Claudinei Moreira e Deise Mara P. Bonel Ferraz. Os conselheiros suplentes: Ênio Landulpho e Elizabete Brait Landulpho.

Serviço

O restaurante Bom Prato de Sorocaba fica na rua dos Andradas, 115, no Vergueiro. A rua é perpendicular à rua Cláudio Manuel da Costa, que é a rua do Hospital Regional. Funciona de segunda a sexta-feira, das 11h até atingir a cota de refeições. Quanto ao café da manhã do Bom Prato é servido das 7h às 9h. Informações sobre as obras do Centro Social São Camilo podem ser obtidas de segunda a sexta-feira, diretamente na paróquia (rua dos Andradas, mesma calçada do Bom Prato), das 9h às 17h, ou pelo telefone (15) 3234-6682, das 14h às 16h30.