PAULISTAO

São Bento chega ao sétimo empate

Eric Mantuan
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O São Bento tropeçou na sua própria ansiedade e amargou ontem o sétimo empate em dez jogos, ao ficar no 1 a 1 com o Mogi Mirim, no Estádio Municipal Walter Ribeiro (CIC). O resultado, ao menos, tirou a equipe da degola no encerramento da 10ª rodada do Paulistão -- contando, também, com a "ajuda" do Penapolense, que perdeu para o Botafogo por 2 a 1.

Agora o Azulão tem 10 pontos, na lanterna do Grupo B, e ocupa o 15º lugar na classificação geral -- a um ponto do CAP, em 16º, e do Linense, que abre a zona do rebaixamento, em 17º lugar. O Sapão se mantém na vice-liderança do Grupo A, com 16 pontos, e vai passando de fase.

Beneficiado pela promoção que trocava garrafas pet por ingressos, o torcedor beneditino fez a sua parte e foi em bom número ao estádio: 4.917 pessoas. O técnico Paulo Roberto Santos também fez: escalou uma equipe mais agressiva, com três meias de criação -- Giovanni, Éder Loko e Diego Barboza -- e orientou seu time a atacar. Mas a pressão por uma vitória que escapa do Azulão há sete rodadas fez com que as coisas desandassem em campo logo aos 9 minutos: em um contra-ataque pela esquerda, Thomas Anderson cruzou na área e Leonardo colocou o Mogi Mirim na frente.

"Iniciamos pressionando a saída de bola e cochilamos. Quando se marca forte no início do jogo, corremos o risco de tomar o contra-ataque pelos lados se a marcação não encaixar. O excesso de vontade atrapalha", justificou o técnico Paulo Roberto, sobre o lance do gol, à rádio Cruzeiro FM 92,3. E esses sinais de afobação acabaram irritando a torcida já no primeiro tempo. Pedindo raça aos jogadores e chamando o técnico de "burro", os torcedores viram o Mogi assustar outra vez aos 17 minutos, quando Magrão e Edson Ratinho trocaram passes na entrada da área e Henal espalmou para escanteio.

Bastou a equipe de Sorocaba tocar mais a bola para crescer de produção e criar duas boas chances antes do empate: aos 25", em um chute de Giovanni; e aos 28", numa bomba de Serginho Catarinense após "lençol" de Alex Reinaldo na direita. De tanto arriscar, o gol saiu aos 31": Giovanni cruzou na área e Romário, de cabeça, desviou a bola para a rede, mesmo entre dois marcadores.

A expulsão de Wagner, zagueiro do Mogi, no começo do segundo tempo, fez os torcedores pensarem que as coisas ficariam mais fáceis. Mas o Azulão continuou desperdiçando chances. O técnico Paulo Roberto mandou o time ainda mais para o ataque: trocou um volante, Rodrigo Thiesen, por um meia-atacante, Markinho. Depois, atendendo ao pedido das arquibancadas, colocou Tremonti no lugar de Giovanni. Markinho chegou a virar o jogo aos 32 minutos, ao desviar um cruzamento dentro da área, mas estava impedido. O São Bento teve mais posse de bola, atacou, mas não conseguiu transformar a pressão em gol e ficou mais uma vez no empate -- para a fúria da torcida aglomerada no alambrado.

Após o jogo, torcida protesta sob marquise

O jogo de ontem deixou claro que a paciência de parte da torcida do São Bento acabou, especialmente pelo registrado após o apito final do árbitro. Reunidos no alambrado, atrás do banco de reservas do Azulão, alguns beneditinos protestaram contra o sétimo empate do time no Paulistão. Outro grupo desceu até o portão que dá acesso ao vestiário do CIC, aos gritos de "time sem vergonha". O diretor jurídico do São Bento, Márcio Rogério, tentou apaziguar os ânimos, mas foi preciso a intervenção da cavalaria da Polícia Militar para dispersar os revoltosos, já na Praça da Amizade. "Falta respeito do torcedor. Vamos dialogar, mas sem confusão", disse Márcio, após deixar os vestiários.

Apesar do incidente, o técnico Paulo Roberto Santos garantiu que o elenco está tranquilo. "Não discuto manifestação. O torcedor tem os direitos deles e nós temos os nossos. Quando se respeita, exige-se o respeito. Nós não vamos nos envolver com isso", disse. Sobre o empate, o comandante avaliou positivamente a formação com três meias. "Abrimos o time todo no segundo tempo e, enquanto tivemos paciência, criamos três ou quatro oportunidades reais de gol. Com o tempo passando, nos desorganizamos de novo, querendo resolver as coisas sozinhos. Quem analisar friamente verá que jogamos contra a melhor equipe do interior e criamos chances", concluiu.
À rádio Cruzeiro FM 92,3, o lateral Marcelo Cordeiro mandou um recado aos torcedores. "Se houver conflito, o São Bento não chegará em lugar algum. É a hora de estar junto com a gente e peço que nos apoie. Temos o alento de sair da zona do rebaixamento e vamos buscar um resultado importante em Piracicaba", prometeu, referindo-se ao próximo duelo do Azulão.

São Bento 1 x 1 Mogi Mirim

São Bento - Henal; Alex Reinaldo, Wanderson, João Paulo e Marcelo Cordeiro; Serginho Catarinense, Rodrigo Thiesen (Marquinho), Éder Loko, Giovanni (Tremonti) e Diego Barboza; Romário (Danilo Alves). Técnico: Paulo Roberto Santos

Mogi Mirim - Daniel; Valdir, Fábio Sanches, Wagner Silva e Leonardo de Jesus (Elvis); Magal, Hygor, Edson Ratinho e Vitinho (Franco); Thomas Anderson (André Luis) e Magrão. Técnico: Claudinho Batista

Gols - Leonardo de Jesus aos 9 (Mogi Mirim) e Romário aos 31 minutos do primeiro tempo (São Bento)

Renda - R$ 11.261,99

Público - 4.917 pagantes

Local - Estádio Municipal Walter Ribeiro (CIC)