Tomorrowland Brasil recebe 180 mil pessoas
Felipe Shikama
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Realizado em Itu, cidade famosa pelo tamanho exagerado das coisas, tudo no maior festival de música eletrônica do mundo ganha grau superlativo. Até o final da noite deste domingo, 180 mil pessoas passaram pelo Tomorrowland Brasil que, em sete palcos diferentes, ofereceu 36 horas de música eletrônica comandada por 150 DJs, incluindo os mais famosos do mundo como Nicky Romero, Steve Angello e David Guetta.
Realizado pela primeira vez no Brasil, o evento de origem belga que começou na sexta-feira (1º) e terminou neste domingo na Fazenda Maeda se mostrou altamente rentável, pois, embora o lucro da festa não tenha sido divulgado, os organizadores confirmaram mais quatro edições nos próximos anos no mesmo local. No sábado, a assessoria de imprensa do evento havia informado que seriam mais cinco, mas a informação foi retificada neste domingo ao Cruzeiro do Sul pelo diretor de marketing do Tomorrowland Brasil, Maurício Soares. "Na verdade houve um equívoco [da assessoria]. São cinco edições, incluindo a deste ano. Mas o que a gente pode dizer é que o nosso desejo já é de continuar com o evento aqui em Itu por mais muitos e muitos anos", disse.
A data da próxima edição e detalhes sobre a venda de ingressos seriam divulgadas após a meia-noite, nesta segunda-feira, ao fim da apresentação do DJ David Guetta. "Foi tudo perfeito. Com certeza quero voltar nas próximas vezes", resumiu a professora de educação física Carolina Cayres Magalhães, de Salvador, na Bahia. Para curtir os três dias de festival, Carolina e mais duas amigas ficaram acampadas no DreamVille Regular, como é chamado o espaço destinado a quem optou por levar a sua própria barraca de camping. Pelos visitantes que estão hospedados nas instalações mais luxuosas, como os lodges e chalés - que incluem piscina e até área gourmet -, o acampamento foi apelidado de "favelão". "Infelizmente até aqui tem essa distinção de classe social, mas eu não ligo, não. Ficar acampada na "favela" para curtir os três dias foi uma experiência sensacional", considerou.
O outro lado da festa
E para que o evento fosse realizado de forma satisfatória para o público pagante de pulseiras verdes emborrachadas, um batalhão de homens e mulheres com pulseiras roxas de PVC trabalharam no local em turnos de até 16 horas diárias. Foi o caso da paulistana Débora de Souza Lima que coordenou uma equipe terceirizada de 55 pessoas escaladas para orientar o trânsito nas dependências da festa. "É um trabalho exaustivo, mas estou acostumada a trabalhar em eventos desse porte. Vale a pena porque cada diária varia entre R$ 200 a R$ 250", revelou.
Segundo Maurício Soares, os três dias de festival contaram com a força de trabalho de sete mil pessoas, sendo aproximadamente 5.800 na parte de logística, montagem e técnica dos palcos e outras estruturas que chegaram da Bélgica em 70 contêineres.
Outros 1.200 homens foram designados para atuar somente na parte da segurança. Neste contingente está o paulistano Laércio Kaminski que atua como segurança profissional há 10 anos e já trabalhou em eventos similares como corridas de automobilismo em Interlagos e o festival Lollapalooza. Para ele, a primeira edição do Tomorrowland Brasil foi caracterizada pela tranquilidade dos visitantes, já que nenhuma briga havia sido registrada até o final da tarde deste domingo. "O pessoal aqui é muito da paz e muito afetivo", avaliou, citando que a diária paga aos seguranças para um turno de 15 horas girou entre R$ 100 a R$ 150. "Foi muito prazeroso trabalhar aqui, até porque tem muita gente bonita e feliz", emendou.
Segundo Soares, entre 180 mil visitantes recebidos nos três dias de festa havia estrangeiros de 62 países, sendo a maior parte de países da América do Sul, como Argentina, Bolívia e Uruguai. Durante as apresentações dos DJs mais prestigiados no palco principal foi possível ver bandeiras de outras nacionalidades como Bélgica, Estados Unidos, Reino Unido, Alemanha, Austrália, Nova Zelândia, Japão, entre outras.
Considerando o evento inédito no Brasil um "sucesso", o diretor de marketing do Tomorrowland reconheceu que nas próximas edições o evento deverá investir em melhorias no acesso do público, na estrutura do acampamento e nos serviços de informações. "O maior desafio, mas esse será um desafio gostoso, será montar um line up de DJs ainda melhor do que o deste ano", brincou.
Soares afirmou que a preparação do megaevento, junto à prefeitura de Itu e outros órgãos públicos, como polícia e até Ibama, começou em 2013. Além disso, das sete mil vagas de trabalho temporário geradas pelo evento, 900 foram preenchidas por mão-de-obra local. "Ao contrário das edições que acontecem na Bélgica, nós não fizemos um estudo de impacto da economia, mas a gente sabe que a ocupação dos hotéis da região chegou a 90%, sem falar que o Tomorrowland também movimentou outros setores, como o pessoal que trabalha com vans e alimentação e comércio em geral", acrescentou.
Sem gravidade
No último dia do festival, até às 17h, um total de 11 ocorrências de furto, a maioria delas de celular, havia sido registrada na unidade da Polícia Civil montada no próprio local. Na madrugada deste domingo um jovem foi preso, acusado de furtar 93 aparelhos celulares dentro da área de acampamento da festa. O suspeito foi detido por policiais militares e encaminhado ao 3º Distrito Policial de Itu.
Durante os três dias de evento, o local da festa contou com uma unidade móvel da Perícia Criminal da Polícia Civil, equipada para realizar exames toxicológicos. Entretanto, segundo os agentes que atuaram na unidade, até o final da tarde deste domingo nenhuma substância suspeita havia sido apreendida.