SOROCABA E REGIÃO

Primeiro dia das mães sem Rosa, que faleceu aos 112 anos



Daniela Jacinto
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Este é o primeiro Dias das Mães em que os dois filhos, dez netos, 16 bisnetos e oito tataranetos de Rosa Maria Scapol Barbosa passarão sem ela, que morreu na segunda-feira passada, de causas naturais. A tristeza pela partida é recompensada pelos muitos momentos de alegria vivenciados ao seu lado, já que no próximo dia 28 de maio, Rosa completaria 113 anos. Sim, a família pôde desfrutar muito dessa matriarca, que além de ter sido uma pessoa alegre e carinhosa, era um exemplo para todos. Conforme Sueli Marrom, sua neta, até dois anos atrás dona Rosa estava produzindo com todo o vigor: era voluntária da Creche Maria Claro. Rosa ajudava a enrolar os bombons e também fazia toalhas de crochê. Conforme pesquisa realizada pelo Poupatempo, era a pessoa mais idosa da região.

Viver durante muito tempo, e com saúde, não é pra qualquer um. Sueli lembra que até pouco tempo a avó não tomava medicamentos e, quando precisava, eram à base de homeopatia e ervas. "Somente nos últimos dias, depois que ela teve um AVC, que precisou tomar antibióticos", lembra Sueli.

Conforme a neta, ultimamente a avó vinha reclamando que estava cansada. Começaram a aparecer problemas como diabetes e as pernas, já fracas, pediram auxílio de cadeira de rodas. A longevidade também tem seu preço e dona Rosa teve de passar pela perda de três filhos. Os dois que restaram são Lúcia, com 89 anos (mãe de Sueli, a filha mais velha) e o caçula, Walter, que está com 81 anos.

Sueli orgulha-se de ter sido a neta que mais conviveu com Rosa. Isso porque sua mãe era a única mulher, então os pais ficaram mais apegados a ela. "Depois que meu avô morreu, a minha avó passou a morar em casa. E foram 43 anos", conta.

A origem de tanta força

Dona Rosa tem uma história de vida curiosa, desde o seu nascimento. A neta conta que ela nasceu embaixo de um pé de café. Talvez já fosse um sinal de que sua vida seria tão duradoura, pois essa bebida é conhecida por proporcionar às pessoas mais vivacidade, tanto é que costuma ser muito usada para cortar o sono.

Natural de Botucatu, dona Rosa teve uma vida difícil. "Ela lutou muito junto com meu avô. Ela o ajudava, costurava pra fora e chegava a adormecer em cima da máquina de costura. Ela trabalhava até uma hora da manhã para colaborar com meu avô, que trabalhava nos Correios."

Dona Rosa também foi funcionária da Prefeitura de Botucatu, onde exerceu a função de escriturária. "Apesar das dificuldades que passou, ela se considerava feliz, nunca se queixava", diz a neta.

Durante a sua vida, Rosa viu um pouco de tudo: a guerra, o homem pisar na Lua, os vários presidentes do país... Mas o que mais marcava para a neta é que mesmo já tendo passado dos 100 anos, ainda comia com garfo e faca.

De dois anos para cá, a saúde que antes era forte, foi cedendo. "Já não enxergava muito bem, andava de cadeira de rodas, mas sempre lúcida. Só que em fevereiro ela teve um AVC e passou a comer por sonda", relata Sueli.

Dona Rosa foi bem cuidada, e conforme o médico, a morte acabou ocorrendo por causas naturais. "O que fica é a saudade de toda a família porque ela foi uma mãe, avó, bisavó e tataravó maravilhosa, uma mulher batalhadora que ajudava muito os pobres, se doava para o próximo mesmo com a idade dela, aliás ela queria fazer ainda mais pelas pessoas. O que ficará para nós é o seu exemplo de vida."