Doenças do labirinto causam tontura e vertigem nas pessoas
Regina Helena Santos
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"Parecia que eu estava num parque de diversões." É dessa forma que a aposentada Geni Lopes Nunes, de 70 anos, descreve a sensação que teve, há cerca de um mês, durante uma crise de labirintopatia, um mal que acomete o labirinto, área do corpo humano responsável pelo nosso equilíbrio. "Os principais sintomas das doenças ligadas ao labirinto são tontura e vertigem. Casos mais graves também podem apresentar náusea, vômito e dificuldades para caminhar", explica o otorrinolaringologista Godofredo Campos Borges, docente da Faculdade de Medicina da Pontifícia Universidade Católica (PUC).
A semelhança dos sintomas das doenças do labirinto com outras enfermidades quase sempre causa dificuldade de diagnóstico. Foi o que aconteceu com Geni. Com uma sensação de "choquinho" na testa e uma tontura que a acompanhava diariamente, ela procurou um cardiologista e, posteriormente, um neurologista, que pediram exames, inclusive tomografia, para descobrir o que causava as queixas. Porém, certo dia a aposentada acordou e quando foi levantar da cama percebeu que não conseguiria, devido à tontura. "Tudo girava, a cama rodava e achei que estava tendo um infarte. Melhorou um pouco e na hora do almoço, quando abaixei para pegar uma coisa na geladeira, deu de novo." Geni, assim como a maioria dos pacientes com doenças do labirinto, sentiu medo e uma insegurança que acabaram afetando sua rotina.
Depois de algumas pessoas próximas levantarem a hipótese de que pudesse ser algo ligado ao equilíbrio corporal, a aposentada marcou consulta com um otorrinolaringologista. "Quando contei para o médico, ele começou a falar tudo o que eu estava sentindo", contou Geni, que se sentiu aliviada ao saber o que realmente tinha. Hoje, um mês depois das doses de medicamento duas vezes ao dia, a tontura passou. "Segundo meu médico, devo continuar com o remédio uma vez ao dia." O diagnóstico e tratamento adequados fizeram com que Geni pudesse retomar sua rotina, que inclui aulas de alongamento e hidroginástica na Associação Cristã de Moços (ACM).
Incapacitante
Segundo Godofredo Borges, as doenças relacionadas ao labirinto realmente provocam sintomas fortes o suficiente para serem incapacitantes. "Os pacientes descrevem uma sensação de morte iminente."
O labirinto humano está localizado na orelha interna e é formado pela cóclea, responsável pela nossa audição, e o vestíbulo, responsável pelo equilíbrio. Um labirinto doente pode provocar sensações como de que se está rodando (vertigem), caindo (desequilíbrio), sendo empurrado (desvio de marcha), flutuando (falta de firmeza nos passos) e zumbidos. Borges explica que alterações metabólicas, como de pressão arterial, diabetes, doenças hormonais ou de tireóide, podem desencadear crises de labirinto. "Um paciente idoso, por exemplo, que apresente tontura, essa pode ser causada por muitas doenças. Por isso, a orientação é de que se tiver esses sintomas, procurar um médico e nunca se automedicar." Na prática, além de apontarem um distúrbio do labirinto, tontura e vertigem podem estar relacionados a doenças mais graves, como um derrame, ou a situações comportamentais mais simples, que não necessitam de tratamento médico, como o jejum.
Os tratamentos das doenças do labirinto dependem de características pessoais de cada doente. É possível cuidar com medicamentos e também sem remédios, com terapias de reabilitação que têm como objetivo devolver o equilíbrio às funções do labirinto. "Há o que chamamos de vertigem postural benigna, que tratamos com sessões de reabilitação labiríntica."