SOROCABA E REGIÃO

Famílias serão despejadas de residencial Sorocaba K


 
Nos próximos dias, pelo menos 60 famílias devem ser despejadas de seus apartamentos no residencial Sorocaba K, da Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU), segundo o representante do condomínio Marcos Marcolino. Ele conta que desde o início do mês duas famílias já deixaram as residências e que cartas informando sobre a ação de despejo chegam diariamente. "As parcelas estão ficando altas demais e algumas pessoas não conseguem pagar. Vão atrasando e depois não conseguem mais renegociar a dívida." O Sorocaba K foi inaugurado há dez anos e abriga 160 famílias, no bairro Recreio dos Sorocabanos.
 
O valor média das parcelas é de R$ 70, porém alguns moradores precisam desembolsar até R$ 250, pois já atrasaram vários pagamentos e fizeram acordos com as instituições financeiras responsáveis pelo financiamento. A desempregada Luciana Correa de Lima, 37, mora com cinco filhos em um dos apartamentos do residencial, mas na terça-feira que vem terá de deixar a unidade, pois já recebeu uma ordem judicial informando o despejo. "Eu não tenho para onde ir, muito menos dinheiro para pagar as parcelas em atraso. Eles falaram que eu só poderei ficar no local se quitar a dívida, que chega a R$ 30 mil." Ela conta que já fez três renegociações, mas afirma não ter renda para seguir com os pagamentos.
 
A mãe de cinco filhos relata que o ex-marido, pai das crianças, não paga pensão alimentícia e que não tem nenhuma perspectiva para o futuro. "Um conhecido ofereceu uma casa no George Oetterer, em Iperó, mas o barraco não tem telhado e contrapiso e eu não tenho dinheiro nem para fazer isso", desabafa. A parcela atual de seu apartamento é de R$ 175.
 
Maria Aparecida Madella, 50, também recebeu intimações para comparecer ao prédio da CDHU e negociar sua dívida, caso contrário seu apartamento poderia ser leiloado. Desempregada, ela e o filho deficiente vivem com um salário mínimo, no valor de R$ 788, e para não perder seu imóvel, Maria Aparecida recorreu a um empréstimo entre familiares. "Paguei R$ 2.400 de uma vez, agora, além da parcela da unidade, preciso me virar para pagar a minha família." Ela também reclama da falta de respaldo por parte da Prefeitura de Sorocaba, pois, segundo Maria Aparecida, as famílias não contam com visitas de assistentes sociais. "No começo sempre vinham aqui perguntar se estava tudo bem, se precisava ser feito algo para melhorar, mas agora não aparecem mais."
 
Sem nenhuma fonte de renda, Isabel Dias Nascimento, 52, relata que precisou pedir ajuda das filhas para conseguir pagar uma dívida de quase R$ 3 mil, resultante de diversas parcelas em atraso. Antes de se mudar para o Sorocaba K, Isabel residia em uma casa do bairro Ipiranga, construída em uma área de risco. "Falaram que a gente tinha que sair de lá porque era perigoso, mas hoje querem colocar a gente na rua."
 
Alcina Henrique Domingues, 63, e Josefina de França, 75, também são arrimos de família e cada uma mantêm a casa com R$ 788. Ambas precisaram pedir empréstimos em bancos para não perderem os respectivos apartamentos. Alcina é mãe de um rapaz de 21 anos que está desempregado e de uma moça de 23 que possui problemas que interferem em sua capacidade de locomoção. Josefina mora junto com uma das filhas e mais seis netos.
 
A Prefeitura de Sorocaba e a direção da CDHU foram procuradas pela reportagem, porém, por conta do ponto facultativo do Dia do Funcionário Público, que foi transferido de 28 de outubro para ontem, não houve respostas.