CULTURA

Crianças da aldeia Rio Silveira bateram um papo com o Cruzeirinho


Na próxima quarta-feira, dia 19 de abril, é comemorado o Dia do Índio. Essa data foi criada a pedido dos próprios indígenas como forma de lembrar dos direitos desses povos. Sim, desses povos, no plural, porque há várias etnias e cada uma tem sua própria cultura e costumes. Talvez você já tenha ouvido falar de alguns povos como guarani, xavante, xingu, tupiniquim, tupinambá, baré... Esses povos tentam preservar suas tradições, mas a maioria também tem contato com a cultura do "homem branco" e, por isso, eles entendem de arco e flecha mas também de internet. As crianças brincam de videogame e ainda se divertem nos rios e cachoeiras, e muitos deles são bilíngues: falam a língua de seus antepassados e também o português.

Os índios vivem em aldeias, que são locais mais afastados da zona urbana (do centro da cidade). Quando eles nascem, recebem dois nomes, um que é o do povo brasileiro e outro indígena. O nome indígena é dado pelo pajé, líder espiritual e curandeiro, durante uma bela cerimônia, como se fosse um batizado.

Esta semana a reportagem do Cruzeirinho conversou com duas crianças do povo guarani mbya, que moram na aldeia Rio Silveira, situada na divisa de Bertioga com São Sebastião, no litoral de São Paulo. Não fica muito longe de Sorocaba. Indo para lá de carro, são cerca de três horas. Confira:

Mais próximo da natureza

Morar em uma aldeia é viver longe dos prédios, trânsito e engarrafamentos e ficar mais próximo da natureza. Ludmila Jerá da Silva Verissimo, 11 anos, conta que gosta muito de ser indígena e morar na aldeia porque lá tem cachoeira e ela adora brincar na água.

Ludmila também gosta de jogar bola e disse que conhece as brincadeiras tradicionais das crianças "brancas" como pega-pega e esconde-esconde. Ela ainda disse que lá na aldeia as crianças também andam de bicicleta e jogam videogame. Ao contrário do que podemos pensar, os índios têm celulares e televisão, viajam para conhecer outros lugares, mas gostam mesmo de morar onde têm muitas e muitas árvores, flores, animais e nenhum prédio.

O Juninho Caraí Mirim Duarte da Silva, também de 11 anos, estuda junto com Ludmila, no 6º ano do ensino fundamental da Escola Estadual Indígena Txeru Ba"e Kua-i. Eles são alunos da professora indígena Cristine Takuá Matias de Lima.

Ele conta que seu pai já o ensinou a pegar no arco e flecha, mas só poderá usar mesmo quando completar 15 anos e se tornar um guerreiro. Juninho disse que participa muito das festas da aldeia. "A gente faz pinturas no corpo, dança e canta", afirma. As brincadeiras que Juninho mais gosta são bolinha de gude, andar de skate, patins e nadar na cachoeira. Ele afirma que gosta de ser indígena e ainda não sabe direito o que quer ser quando crescer, mas está em dúvida entre ser pajé, guerreiro ou artista. "Tenho vontade de ser cantor", revela.

Conheça algumas palavras da língua tupi-guarani:
Javyju: bom dia
Nhande ka"arujo: boa tarde
Ha"evete: obrigado
Kuaray: sol
Jaxy: lua
Xerery: eu me chamo/meu nome é