SOROCABA E REGIÃO

Greve geral vai afetar a rotina de serviços na cidade

A greve geral terá início já nas primeiras horas desta sexta-feira (28), com concentração de trabalhadores da indústria na sede do Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba e Região (SMetal), no Jardim Faculdade. Os motoristas de ônibus dos setores urbano, intermunicipal, rodoviário, de fretamento e de cargas também aderiram ao movimento. Escolas estaduais, municipais e muitas privadas terão as aulas suspensas, assim como comércio em geral e agências bancárias, que não devem abrir. Convocado por oito centrais sindicais -- CUT, UGT, CTB, Força Sindical, CSB, NCST, Conlutas e CGTB --, o ato é contra os projetos de reforma trabalhista, Previdência e terceirizações, propostos pelo governo federal e em tramitação no Congresso Nacional.

O município amanhecerá sem transporte coletivo e segundo o Sindicato dos Rodoviários de Sorocaba e Região, 100% dos trabalhadores irão aderir ao ato. Segundo a Força Sindical, às 23h desta quinta-feira (27) o sindicato seguirá para as principais empresas de ônibus urbanas e fretadas da cidade. A decisão foi tomada pela categoria em assembleia realizada na terça-feira (25). No mesmo dia a Urbes -- Trânsito e Transportes ajuizou ação junto ao Tribunal Regional do Trabalho (TRT) pedindo que fosse mantida 70% da frota de ônibus da cidade em operação. Nesta quinta-feira (27) à noite, a Prefeitura informou que o Tribunal Regional do Trabalho (TRT) não concedeu a liminar para garantir os ônibus na rua. Mesmo assim, a municipalidade interpôs recurso contra a decisão, mas até o final da noite não havia obtido resposta. O sindicato informou que os transportes voltados para atendimento específico de saúde irão funcionar normalmente.

Muitos ônibus fretados que realizam transporte de trabalhadores da indústria, logo após a meia-noite, serão direcionados para a sede do Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba e Região (SMetal). A entidade informou que não planeja bloqueio de vias e espera que toda a categoria siga a orientação de greve. Às 6h também ocorrerá paralisação das fábricas em geral. "A população tem que estar unida e dar um basta aos abusos cometidos pelo atual governo. Por isso, os movimentos sindicais e sociais estão convocando a população a ficar em casa, como demonstração pacífica de resistência", disse Leandro Soares, presidente eleito do SMetal.

Bancos

Júlio César Machado, presidente do Sindicato dos Bancários de Sorocaba e Região, afirmou que a orientação é para que nenhuma das 104 agências funcionem nesta sexta (28). Segundo o sindicalista, foi feita na manhã desta quinta (27) uma reunião com a superintendência de vários bancos, aconselhando sobre os atendimentos. Machado afirma que ao todo, na cidade, são cerca de dois mil bancários e a mobilização é essencial para a categoria. "Será um dia que poderá valer pelo restante dos dias na nossa vida profissional", argumenta.

Comércio

Lojas da região central e de bairros, mercearias, supermercados e hipermercados, assim como lojas de shopping, segundo Rui Amorim, presidente do Sindicato dos Trabalhadores no Comércio, devem permanecer fechados nesta sexta-feira (28). Ele conta que nesta quinta (27) o chamado comando de greve percorreu vários estabelecimentos da cidade informando e orientando sobre a paralisação. Amorim destacou que grandes redes oferecem maior resistência em aderir, mas que por segurança, devem fechar as portas. "Independente de divergências com o movimento, é importante pensar no trabalhador." O sindicato representa cerca de 12 mil pessoas no município e segundo a Força Sindical, já ás 8h de sexta (28) haverá movimentação para paralisação geral do comércio central.

Saúde

O Sindicato dos Trabalhadores da Saúde de Sorocaba e região (SinSaúde) se manifestou favorável ao movimento grevista e segundo o vice-presidente da entidade, Elielson Farias dos Santos, a orientação é para que a população se engaje no movimento. Segundo ele, os hospitais estão preparados para qualquer imprevisto, porém, as pessoas que estão com consultas marcadas, cirurgias que não são de emergência ou exames, é apropriado que alterem a data. "É extremamente importante a compreensão e a participação de todos no movimento, pois a paralisação será uma resposta contra a reforma e uma luta em favor dos nossos direitos", disse Santos.

Já o presidente do Sindicato dos Médicos de Sorocaba e Região (Simesul), o ortopedista Eduardo Vieira, afirmou que não há nenhuma orientação para a categoria, mas ele, pessoalmente, apoia a greve. Vieira conta que caso as reformas que tramitam sejam aprovadas, todos os trabalhadores serão prejudicados e destaca o caso específico dos médicos, que, segundo ele, perderão o direito da aposentadoria especial. Ele também chama a atenção para o estudo de demografia médica, divulgado neste ano, que mostra que mais da metade dos médicos trabalha mais de 40 horas semanais e 20% da categoria trabalha mais de 80 horas semanais. "A reforma só legitima essa situação precária", reclama.

No Sistema Único de Saúde (SUS), segundo Salatiel Hergesel, presidente do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Sorocaba (SSPMS), foi decidido que nas Unidades Pré-Hospitalares (UPHs), assim como nos Pronto-Atendimentos (PAs), 50% do quadro de funcionários será mantido. "Mesmo sem sermos procurados pela Prefeitura de Sorocaba, decidimos por essa permanência na saúde para não prejudicar a população." Ele disse que as 32 Unidades Básicas de Saúde (UBSs) ficarão fechadas. A Prefeitura, através da Secretaria de Comunicação (Secom), porém, informou que "as unidades de saúde pública municipal terão atendimento normal aos pacientes se houver funcionários públicos cumprindo suas jornadas de trabalho".

Educação

Assim como no setor de saúde, a educação também terá reflexos por conta da greve geral. As escolas municipais, segundo Hergesel, não funcionarão nesta sexta (28), assim como as escolas estaduais, segundo informou Magda Souza, coordenadora da subsede de Sorocaba do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp). De acordo com Magda, a "reforma da Previdência acabará com a aposentadoria especial dos educadores, além de igualar o tempo de trabalho de homens e mulheres e também praticamente dobrar o tempo de trabalho, que passará de 25 para 49 anos". Para o setor da Educação, a Prefeitura de Sorocaba também informou que montou um plano de ação para garantir a segurança dos servidores que não quiserem aderir à greve e dos alunos e acredita que manterá as aulas em algumas unidades.

Terezinha Baldini, presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Refeições de Sorocaba e Região (Sindirefeições), que representa as merendeiras, disse que as 1.200 profissionais que trabalham em escolas municipais e estaduais também vão paralisar. "Fizemos assembleia junto com a CUT e decidimos pela greve."

O diretor jurídico do Sindicato dos Professores de Sorocaba e Região (Sinpro) e da Federação dos Professores do Estado de São Paulo, Fábio Luiz Pereira, confirmou que professores de escolas particulares também aderiram ao movimento grevista. Segundo ele, algumas instituições de ensino, como Colégio Dom Aguirre, Universidade de Sorocaba (Uniso), Colégio Santa Escolástica e Colégio Salesiano, não vão nem abrir.

Pereira afirma que o sindicato representa cerca de cinco mil professores e é programado um ato, para as 7h desta sexta (28), em frente ao Sesi localizado no bairro Mangal. O diretor conta que a escola foi escolhida como ponto de concentração por representar as indústrias e por se manifestar contra o movimento. "Informaram que respeitam o direito de greve, mas vão dar falta injustificada aos professores que aderirem." No local o sindicato planeja realizar panfletagem e convidar profissionais para a paralisação.

Funcionalismo

Além das UPHs e PAs, o SSPMS informou que foi acordado com a Guarda Civil Municipal (GCM) que 50% do efetivo cumprirá a jornada de trabalho. Segundo Salatiel, os outros setores do funcionalismo, já estão sendo orientados sobre a greve desde o início da semana. No total, são cerca de dez mil servidores. Sobre a afirmação do Prefeito de Sorocaba José Crespo (DEM) de "cortar o ponto de quem aderir à greve", Salatiel lamentou e disse que "não passa de uma tentativa de intimidar os trabalhadores". Ele afirma que foi solicitada a falta justificada, ou seja, eles terão direito a compensação das horas não trabalhadas.

Coleta de lixo

Além dos cerca de 60 motoristas de caminhão de lixo que aderiram à greve, o Sindicato dos Coletores de Lixo de Sorocaba e região, informou que a categoria também optou pela greve. "Fizemos assembleia no turno da manhã e da noite e foi aprovado por unanimidade a paralisação de 100% dos trabalhadores", informou Isaudite Sampaio da Silva, assessora de diretoria da entidade. Juntos, coletores e profissionais de varrição totalizam 420 pessoas.