SOROCABA E REGIÃO

Região tem três cidades entre as mais pacíficas do Brasil, cita Ipea


 
Três cidades da Região Metropolitana de Sorocaba (RMS) estão na lista das mais pacíficas do Brasil, com menor prevalência de agressões letais. O Atlas da Violência 2017 aponta que Votorantim, Salto e Tatuí estão entre os municípios, acima de 100 mil habitantes, que tiveram menores índices de homicídios e mortes violentas com causa indeterminada.
 
A melhor colocada da RMS é Votorantim com taxa de homicídio de 5,9 aparecendo na 25ª posição, seguida de Salto na 26ª colocação, com taxa de homicídio de 8,8, e Tatuí na 29ª posição e taxa de homicídio de 9,4. O estudo é feito pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) em parceria com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) e é referente às ocorrências de 2015.
 
O levantamento soma as taxas de homicídio e de Mortes Violentas com Causa Indeterminada (MVCI), ambas por 100 mil habitantes, com base nos dados do Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM), do Ministério da Saúde e utilizou também informações dos registros policiais. São 304 municípios que compõem o ranking.
 
Em 2015, foram sete homicídios em Votorantim e cinco MVCI, que somados produzem uma taxa de 10,2 agressões letais por 100 mil habitantes. Salto registrou dez homicídios e duas MVCI, uma taxa de 10,5, enquanto Tatuí apresenta taxa de 11,1, com onze homicídios e dois MVCI. O ranking leva em conta, além dos homicídios, as mortes violentas com causa indeterminada por avaliar que elas podem ocultar o verdadeiro nível de agressão letal por terceiros, aumentando as chances da taxa de homicídios estar oficialmente subregistrada.
 
Moradores concordam
 
A percepção de uma cidade mais pacífica, apontada pelo ranking, também é compartilhada por moradores de Votorantim. Para a atendente Jussara Paldini, 22 anos, que sempre morou no município, a sensação é de tranquilidade. "É uma cidade muito calma", avalia. Rafael Pires Junior, 24 anos, que também cresceu em Votorantim acredita, inclusive, que a cidade está ficando cada vez mais pacífica. "Na área onde moro tinha a favela da Vila Galli e do Serrano. Depois que desfavelou melhorou bastante", apontou o jovem, lembrando os programas de desfavelamento desenvolvidos no município, que acredita terem contribuído para diminuir o tráfico de drogas.
 
O funcionário público Isaías Rodrigues Vieira, 64 anos, viu muitas transformações da cidade ao longo dos 25 anos em que reside no local. Para ele, a sensação de segurança também aumentou. "Era pior, principalmente o bairro em que moro, o Jardim São Lucas", relata.
 
Sorocaba
 
Sorocaba aparece na 60ª posição, tendo registrado 67 homicídios e 33 mortes violentas com causa indeterminada. O resultado é uma taxa de 10,4 homicídios por 100 mil habitantes. Em 2014, o mesmo índice era 14,8. Em relação aos homicídios, somados às mortes sem causa determinada, a taxa é de 15,5 em 2015.
 
A pior colocada da RMS no ranking é a cidade de Itapetininga, com dezessete homicídios e dezoito MCVI, figurando na 99ª colocação. A outra cidade da RMS acima de 100 mil habitantes é Itu, que está na 74ª posição, tendo 24 homicídios e sete MCVI.


Jovens negros mortos com arma de fogo são maioria das vítimas


Na manhã de 29 de março de 2015, um adolescente de 17 anos era atendido por um equipe de resgate do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), no Jardim Tatiana, em Votorantim. Vítima de uma quantidade não divulgada de tiros, um deles na barriga, o rapaz não resistiu e morreu no local. As informações iniciais davam conta de que ele teria discutido com uma pessoa e acabou baleado. Não havia indicação da identidade do assassino e o nome do rapaz não foi divulgado.

O caso, um dos sete homicídios registrados em Votorantim em 2015, não destoa do perfil das maiores vítimas de violência no Brasil de acordo com o estudo. Ao todo, o País registrou 59.080 homicídios em 2015. Isso significa 28,9 mortes a cada 100 mil habitantes. E as principais vítimas seriam os jovens, negros, atingidos por armas de fogo. Mais de 318 mil jovens foram assassinados no Brasil entre 2005 e 2015. Os homens jovens continuam sendo as principais vítimas: mais de 92% dos homicídios acometem essa parcela da população. A cada 100 pessoas assassinadas no Brasil, 71 são negras. De acordo com informações do Atlas, os negros possuem chances 23,5% maiores de serem assassinados em relação a brasileiros de outras raças, já descontado o efeito da idade, escolaridade, do sexo, estado civil e bairro de residência.

Somente em 2015, 41.817 pessoas foram mortas em decorrência do uso das armas de fogo, o que correspondeu a 71,9% do total de casos. Para efeitos de comparação, na Europa esse índice se encontraria na ordem de 21%, segundo o Ipea.

Mais violentos

Altamira, no Pará, lidera a relação dos municípios mais violentos, com uma taxa de homicídio somada a MVCI de 107. As regiões Norte e Nordeste somam 22 municípios no ranking dos 30 mais violentos em 2015. Entre os 30 mais pacíficos, 24 são municípios da região Sudeste. No entanto, os dois primeiros da lista ficam em Santa Catarina: Jaraguá do Sul (3,7) e Brusque (4,1). Em seguida, aparecem Americana (4,8) e Jaú (6,3), ambos em São Paulo, Araxá, em Minas Gerais (6,8), e Botucatu (7,2), também em São Paulo.