CULTURA

Vzyadoq Moe nas plataformas de música digital


 
Banda sorocabana que fez sucesso na cena underground nacional no final da década de 1980, a Vzyadoq Moe encerrou as atividades em 1993, mas até hoje o seu nome -- estranho e de difícil pronuncia -- é lembrado e reverenciado pelos fãs de pós-punk brasileiro. Entretanto, quem, até aqui, só tinha ouvido falar da banda, visto que os LPs lançados na época são peças raras disputadas por colecionadores, agora tem a oportunidade de escutar dois álbuns do grupo nas plataformas de música digital: O ápice, de 1988, e Hard macumba, de 1991.
 
Ambos os discos, elogiados pela crítica especializada por misturar vertentes do rock oitentista com o samba de raiz, com influências que vão da literatura simbolista ao cinema expressionista alemão, acabam de ser relançados pelo selo Believe Digital e estão disponíveis nas plataformas Spotify, Deezer, Google Play e iTunes. "Muitas pessoas cobravam a gente [para disponibilizar os discos]. [O relançamento] veio num momento certo, porque agora as plataformas digitais estão bombando. Além do pessoal que conhecia a banda, é uma forma de chegar a novos públicos, à nova geração", comenta Marcelo Raymundo, ex-guitarrista da banda.
 
Além de Raymundo, a primeira formação da banda, com os músicos ainda na adolescência, com idade entre 15 e 17 anos, contava com Marcos "Peroba" Stefani (bateria), Jaksan Moreira (guitarra) e Marcelo "Fausto" Marthe (vocal e letras), todos moradores do Centro e estudantes da escola Getúlio Vargas. A formação clássica se completaria logo em seguida, com a chegada de Edgard "Degas" Steffen (baixo). O nome da banda foi criado no quarto de Marthe, por meio de um sorteio dadaísta levemente adulterado para que o resultado repleto de consoantes ficasse menos impronunciável.
 
O relançamento de Hard macumba, álbum que marca a segunda fase da banda, pontuada pelo refinamento técnico a partir da entrada do guitarrista Fernandão Dias, chega às plataformas digitais remasterizado. Já O ápice preserva a sonoridade original do disco, gravado no antigo estúdio Eldorado, em São Paulo. Segundo Raymundo, uma "versão especial" do álbum de estreia, realizado pelo selo independente Wop-Bop, deverá ser disponibilizada no ano que vem, em comemoração aos 30 anos do lançamento. "Será uma versão especial, provavelmente remasterizada e extendida, com faixas extras e talvez em formato físico", comenta.
 
Pioneira do gênero em Sorocaba, a Vzyadoq Moe também é reconhecida por desbravar caminhos que, mais tarde, seriam seguidos por outras bandas de rock alternativo da cidade, como Wry e The Name.
 
A última vez que a Vzyadoq Moe subiu ao palco foi em 2010, dentro do projeto Usina Festival 2010, no Asteroid Bar. O show comemorativo ocorreu quase 20 anos após a gravação do último registro, a música Rompantes de fúria, que teve seu videoclipe veiculado na MTV.
 
Próximo de completar três decadas do primeiro LP, a banda não descarta a possibilidade de retomar as atividades para shows comemorativos. "Nós temos vontade, mas, por enquanto, não tem nada definido. É uma coisa que ainda precisamos resolver internamente", acrescenta o guitarrista, que prefere não dar detalhes sobre o fim do grupo. "Tem várias interpretações. Acho que a gente fez coisas muito legais, mas gastou uma energia enorme", resume.
 
Embora não haja definições para futuros shows, Marcelo Raymundo defende que a obra da Vzyadoq Moe -- agora disponível para as novas gerações -- se mostra totalmente atual. "Para mim, até hoje as músicas têm um frescor. Não ficaram datadas. Acho que isso se deve à série de experimentações que a gente fazia, como uma bateria que misturava latas e chapas de metal... No começo da carreira a gente sabia poucos acordes, mas ali estava a vontade do "faça você mesmo"", acrescenta.