Familiares devem ficar atentos com a alimentação dos idosos

Espinafre, brócolis, cenoura, mandioquinha, inhame, cará, batata, vagem, carne e feijão são alguns dos ingredientes da super sopa que Arminda Resta Franco Domene, de 93 anos, toma praticamente todos os dias. Ela também consome pão, frutas, salada e principalmente gelatina, que não falta em sua casa. Arminda se alimenta muito bem, graças aos cuidados da filha Darcy Aparecida, de 65 anos. Darcy lembra que há alguns anos a mãe teve anemia e foi então que percebeu que ela não estava se alimentando direito, por dificuldade de engolir. É o que ocorre quando a idade avança. Por isso é preciso prestar muita atenção na dieta.

Uma dúvida recorrente das famílias é justamente a respeito da alimentação do idoso. Os cuidados nutricionais podem prevenir o aparecimento de doenças, como a anemia, colesterol alto e hipertensão. Maria Cláudia Marques, nutricionista da Ápice Medicina Integrada e especializada em nutrição esportiva, orienta as pessoas que têm familiares idosos a observarem o armário e a geladeira, para ver o que eles estão consumindo. "Também é importante ficar atento com a mudança fisiológica, porque essa alteração leva a alguns problemas nutricionais", complementa.

A nutricionista exemplifica: "o idoso sofre alterações na absorção de nutrientes dentro do intestino, também perde muita massa muscular e óssea, e tem seu metabolismo reduzido". Entre os problemas ainda tem a deglutição. Os idosos apresentam dificuldade de mastigar e perdem o paladar dos alimentos. "Por isso é que acabam tendo tendência a colocar bacon e calabresa na comida, para sentir o sabor", acrescenta Maria Cláudia.

Outra coisa de fundamental importância é que os idosos esquecem de beber água. "Eles desidratam rápido", diz a nutricionista.

Dieta adequada

A dieta adequada para o idoso precisa de cálcio, e muito. "Com o tempo eles deixam de ingerir leite e agora essa moda das pessoas falarem muito na televisão contra o leite, os idosos deixam de tomar", diz, preocupada, a nutricionista Maria Cláudia Marques, acrescentando que é necessária a ingestão de 1.200 mg de cálcio por dia, ou seja, quatro copos de leite ou cinco fatias de muçarela.

Com relação ao consumo de gordura, é recomendada ao idoso a mesma quantia do adulto saudável. "Mas nesse caso a preferência é para peixe, azeite de oliva e castanha, que são gorduras polissaturadas."

A gordura saturada, diz Maria Cláudia, não pode ultrapassar 8% da dieta. Fazem parte dessa lista alimentos como carne, leite integral, torresmo, pele do frango, manteiga e óleo de coco. "Tudo o que engloba a gordura animal", ressalta.

Um inimigo é o doce, adorado por muitos. Ele pode sim fazer parte da alimentação, mas desde que em pequenas quantidades, para evitar o diabetes tipo 2.

Minerais, vitaminas e fibras já são muito bem-vindos na dieta. "Os idosos precisam comer frutas, legumes e verduras. Deve ainda ser dada preferência para alimentos integrais", frisa Maria Cláudia, fazendo a ressalva de que a quantidade de fibra não pode passar de 35g.

Mas como dosar? "Esse é o segredo da nutricionista. É tudo calculado. O ideal é que pessoas com familiares idosos consultem um nutricionista, porque esse profissional irá identificar o que a pessoa está comendo, se tem algo faltando ou excedendo, para equilibrar. Seria magnífico todo idoso fazer uma consulta, para corrigir a dieta e conseguirmos monitorar".

Já com relação à salada, quanto mais colorida e com diversidade, melhor. "É bom temperar com limão, para facilitar a absorção do ferro, presente nas verduras."

E não se deve esquecer de mais dois detalhes: Sol e atenção. "O Sol é a principal fonte de vitamina D, ajuda muito na saúde, e a atenção também, é importantíssima. O idoso gosta de ser ouvido, então é preciso ter tempo para eles."