ESPORTES

Há 100 anos o time do São Bento conquistava o seu primeiro troféu


 
Na véspera do jogo que pode representar uma nova página para a história do São Bento -- o acesso à Série B do Campeonato Brasileiro --, o Azulão celebra o centenário da sua primeira conquista. Há 100 anos, em 23 de setembro de 1917, a equipe inaugurava sua galeria de troféus com a conquista da primeira taça: a Pierrot, disputada amistosamente contra o XV de Piracicaba. A peça hoje encontra-se no memorial alviceleste dentro do Estádio Municipal Walter Ribeiro (CIC), depois de ter sido recuperada pela Associação Vamos Subir, Bento! (AVSB) em 2011.
 
De acordo com o historiador beneditino Luiz Carlos Éden, a Taça Pierrot foi ofertada por José Venturini, representante da fábrica de cigarros de luxo Trapani & Cia., com sede em São Paulo. Venturini ofereceu duas taças igualmente denominadas Pierrot para serem disputadas entre o Azulão e o Nhô Quim. A primeira foi conquistada pela equipe de Piracicaba que, jogando em casa, em 3 de setembro, venceu o jogo por 4 a 0.
 
Éden aponta que o campeão piracicabano era favorito a conquistar também a outra taça -- mas o São Bento se reforçou para a revanche com jogadores de fama, como Zecchi, Oscar, Saito, Guanito e Jarbas, além de retornarem ao elenco o goleiro Stillitano e o craque Zizi Madureira -- que jogava o Campeonato Paulista daquele ano pelo Paulistano, da Capital. Sendo assim, em 23 de setembro de 1917, o Azulão reencontrou o Nhô Quim, desta vez no campo do Castellões Parque -- que ficava no bairro Bom Jesus, em Sorocaba.
 
Antes da taça, estiveram em jogo 11 medalhas de prata, ofertadas por José Felício Lopretti, um joalheiro de Piracicaba, para o melhor dos quadros secundários. O São Bento ganhou por 2 a 1 e ficou com elas. No duelo principal, a marcação de um pênalti a favor do Azulão pelo árbitro Fernando Arcuri, da Associação Paulista de Esportes Atléticos (APEA), gerou polêmica: Zizi Madureira cobrou a penalidade contra um gol aberto, pois o goleiro piracicabano, Carrara, abandonou a meta em protesto.
 
As reclamações continuaram. "O time piracicabano, alegando a não marcação de um pênalti a seu favor, chegou abandonar o campo a mando de seu capitão. Somente a pedido dos dirigentes de ambas as equipes e autoridades presentes no Castellões Parque é que o XV retornou à partida, terminando a primeira etapa", afirma o historiador. Na segunda etapa, o goleiro Stillitano garantiu a vitória pela contagem mínima e a conquista do troféu.
 
Comemoração
 
Luiz Éden observa que a conquista foi dividida entre o então presidente do Azulão, João Capistrano de Castro, e o fundador e redator-chefe do jornal Cruzeiro do Sul, Joaquim Firmiano de Camargo Pires. "A taça foi levada à redação do Cruzeiro, tendo sido servido champanhe dentro dela aos que ali estiveram presentes", relata. Os festejos se encerraram com um desfile pelas ruas centrais de Sorocaba, promovido pelos dirigentes beneditinos e animado pela Banda Musical Santa Cecília.