Compartilhar carona por apps requer cuidados com a segurança
As viagens compartilhadas - por motivos profissionais, de estudo, lazer, turismo, ou mesmo para um deslocamento casual têm se mostrado uma opção e tanto, principalmente, para o bolso em tempos de dinheiro curto.
Em alta, assim como as novas alternativas de transporte que se fazem cada vez mais populares, o compartilhamento de veículos levou até mesmo ao desenvolvimento de plataformas, como aplicativos de celular, que ajudam passageiros a encontrar motoristas (e vice e versa). Mas, toda essa facilidade exige também alguns cuidados fundamentais para evitar riscos aos quais se está exposto, principalmente quando se compartilha a viagem com uma pessoa desconhecida.
A atenção redobrada se tornou um aspecto ainda mais importante depois que a radiologista Kelly Cadamuro, 22 anos, foi assassinada por um homem que viajava de carona com ela de São José do Rio Preto para Itapagipe (MG). A viagem foi combinada através do WhatsApp e, no aplicativo de mensagens, o assassino, Jonathan Pereira do Prado se passou por uma mulher para convencer a jovem a conceder a carona. Ele era foragido de um presídio de São José do Rio Preto desde março, quando não retornou de uma saída temporária. Antes mesmo do assassinato, Jonathan já respondia por oito crimes, entre eles, roubo, furto, lesão corporal e ameaça.
Dividir custos
Uma forma de aliar a tecnologia à facilidade para viabilizar as viagens compartilhadas e ainda proporcionar maior segurança aos usuários é a plataforma BlaBlaCar. O serviço de oferta de caronas ajuda pessoas com destinos em comum a se encontrar. O aplicativo conta com uma identificação dos usuários e até mesmo um modelo de avaliação. As observações e notas dadas por usuários com base na experiência de viagens realizadas ficam disponíveis para que todos os demais passageiros e motoristas possam ver antes de escolher um parceiro de carona. Com isso, se desejado, é possível evitar usuários mal avaliados ou sem nota.
É dessa forma que o funcionário público Sérgio Rodrigues, 28 anos, busca garantir uma forma segura de dividir os custos de suas viagens periódicas a São Paulo. Usuário do BlaBlaCar há um ano e meio, ele explica que confia no sistema de avaliações do app, além de saber que os perfis dos usuários são ligados às suas contas nas redes sociais, exigindo inclusive a verificação de documentos pessoais que confirma a identificação da pessoa. "Já dá para saber de cara se é fake ou não", explica.
Sérgio conta que, como alternativa, por vezes anuncia ou busca carona para a capital num grupo de Facebook com essa função e, nesses casos, adota o cuidado de analisar minuciosamente o perfil de um potencial viajante antes de fechar o acordo. Ele reconhece que poderia adotar mais medidas para se precaver, mas revela que opta por confiar no serviço do app. E aproveita para fazer novas amizades com a plataforma. "A função do aplicativo é encontrar carona e conversar e, com isso, você faz amigos. Eu fiz amizade com uma menina e hoje vamos até para a praia juntos", conta.
Atenção redobrada
Apesar do crescimento no volume de caronas compartilhadas (segundo dados da BlaBlaCar, o número quintuplicou no último ano), Sorocaba não registrou recentemente ocorrências graves nesse sentido. Ainda assim, o delegado titular da Delegacia de Investigações Gerais (DIG), Acácio Aparecido Leite, alerta para a necessidade de alguns cuidados a se tomar justamente para evitar situações perigosas. "É importante buscar o máximo de informações possíveis antes de pegar ou dar a carona. E não deixar de questionar nada, pois são vidas que estão em jogo", diz.
Acácio Leite recomenda que, ao optar por uma carona, o usuário das plataformas também busque se cercar de mais pessoas na viagem, evitando assim dividir o carro com apenas uma pessoa. Além disso, ele alerta para a necessidade de deixar o celular por perto para qualquer emergência e não hesitar em tomar uma atitude diante de qualquer suspeita.
Aposta na identificação
Operando no Brasil desde o fim de 2015 (e desde 2006 fora dele), a BlaBlaCar rendeu em seu primeiro ano um milhão de assentos compartilhados entre usuários. Somente no primeiro semestre de 2017 foram oferecidas 20 mil viagens tendo Sorocaba como ponto de partida. O aplicativo aposta num controle rígido de identificação dos seus usuários, exigindo documentação, foto e comprovação de perfil nas redes sociais.
A identificação também cobra uma "biografia" dos motoristas e passageiros além de um comentário posterior à viagem. Dessa forma, os idealizadores da iniciativa acreditam que fornecem mais informações que ajudam usuários a escolher a melhor opção de carona. A empresa também pede que os usuários informem qualquer eventualidade, além de manter uma equipe de suporte disponível todos os dias da semana.