"Com texto" no Macs

Está em cartaz, no Museu de Arte Contemporânea de Sorocaba (Macs), até o dia 12 de maio, a exposição "Com texto", do artista plástico pernambucano Marcelo Silveira. A mostra reúne a instalação "Censor", composta por 20 cartazes originais de filmes censurados no Brasil durante a ditadura militar no Brasil.

Após a decretação do Ato Institucional Número 5 (AI-5), em 1968, estima-se que cerca de 500 filmes tenham sido censuradas no país. "Entre as coisas que me motivaram a fazer o trabalho, estão essa relação com a palavra, essa atitude do censor e a imposição de um discurso que não é o original. Essa atitude do censor é inconsequente. Muitos cartazes eram censurados por pura amostragem, achismo mesmo", disse, na ocasião de abertura da exposição, que aconteceu no último sábado, dia 7.

Na exposição, os cartazes são sobrepostos por várias camadas de placas de acrílico translúcidas em tons magenta que ora escondem, ora evidenciam partes de seu teor, o que, segundo o artista, também é uma espécie de censura na medida em que, arbitrariamente, define o que pode ou não ser visto pelo público. "A mostra levanta uma outra bola, a discussão da nossa própria condição de censor nos dias atuais", completou.

O espaço expositivo também acomoda a audioinstalação inédita intitulada "Tudo certo", resultado de uma residência artística desenvolvida em Belo Jardim, cidade do interior pernambucano. O trabalho sonoro traz uma reprodução ininterrupta de um disco de vinil com gravação de dezenas de vozes de membros do coral daquela cidade ditando, em diferentes timbres e entonações, a expressão "tudo certo". A frase escolhida pelo artista era pronunciada repetidamente por seu pai, acometido pelo Mal de Alzheimer, nos últimos oito anos de sua vida. "Interessante é que é uma expressão que, muitas vezes, é usada na interrupção de um discurso de forma intencional", explicou.

A mostra fica em cartaz até 12 de maio e pode ser vista de terça a sexta, das 10h às 17h, e aos sábados e feriados, das 10h às 15h. O Macs fica na avenida Afonso Vergueiro, 280, ao lado da antiga Estação Ferroviária.