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Uma luta por combustível. Nas estrelas.


Por Lúcia Helena de Camargo
 
Han Solo, o personagem mais interessante da saga Star Wars, ganhou finalmente um longa-metragem para contar sua história. “Han Solo: Uma História Star Wars” estreou em maio sob malhações à atuação do protagonista (Alden Ehrenreich). O ator chegou a fazer aulas de interpretação durante as filmagens. Tanto mal falaram que cheguei à sala de exibição achando que veria um fiasco. OK, ele é novo, ainda um pouco cru e, evidentemente, não se compara com Harrison Ford, o Han Solo original. Mas está OK. O filme, embora um pouco longo (tem mais de duas horas), tem bom ritmo e entrega o que promete: conta como Han se juntou à história. 





Han Solo é habitante de Corellia, um planeta perdido nos confins do universo. Órfão, pobre e ambicioso, quer sair dali e tentar a vida em um lugar melhor, junto com a namorada, Qi’ra (Emilia Clarke). Vai dar tudo errado, claro, porque caso contrário seriam só 15 minutos de filme. 
 
Para inspirar a carreira no submundo, surge o contrabandista Thobias Beckett (Woody Harrelson). E um dos encontros mais esperados é com o jogador Lando Calrissian (Donald Glover), então dono da emblemática nave Millennium Falcon. Sua robô- navegadora L3-37 (Phoebe Waller-Bridge), engraçada, cheia de ideias revolucionárias, é  a personagem mais antenada com os novos tempos. Incorporando uma robô de índole feminina (e feminista), chama a atenção para o que pode vir a acontecer em alguns anos no planeta: todas as tarefas enfadonhas e que requerem precisão são executadas por robôs, em quem ela tenta semear o inconformismo. Quando Star Wars estreou, nos anos de 1980, pouco se falava em inteligência artificial. A discussão agora está bem mais próxima do nosso cotidiano. Afiada nas respostas, ela também coloca Lando na linha.  
 
E o melhor de tudo é Chewbacca (Joonas Suotamo). Chewie para os íntimos, é o copiloto e companheiro fiel de Han Solo, que por algum motivo fala a linguagem wookiee, composta dos engraçadíssimos grunhidos. Mas o público não precisa ser fluente em wookiee para entender o que quer dizer o peludão em determinados momentos: mesmo sem pronunciar uma única palavra, Chewie se comunica como ninguém, com as expressões enfáticas e um ou outro murro. 
 
Os fãs podem ainda se deleitar em encontrar nas cenas referências espalhadas sobre personagens, objetos e lugares que integram a saga, em tempos que podem se situar antes ou depois dos acontecimentos narrados. 
 
No geral, mesmo para quem não é exatamente fã da série, como eu, é um bom filme. 
 
Ironicamente, o mote principal, o artigo mais valioso naquela parte do universo, que leva alguns a cometer crimes, outros a serem corrompidos, além de causar intrigas pela tomada de poder, é uma espécie de super combustível. Depois do que vivemos no Brasil nos últimos dias, sabemos que essa briga, em escala global, pode ser bem feia.
 
Lúcia Helena de Camargo é jornalista, cinéfila e escreve também sobre comida, no blog www.menudalu.com.br
 
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