Critica teatro: Dois palhaços e o seu circo itinerante

Critica teatro: Dois palhaços e o seu circo itinerante
 

Dois amigos. Dois colegas da faculdade, ao terminar o curso de teatro, resolvem sair pelo mundo somente com aquilo que tinham às mãos – o teatro. Montam um espetáculo e saem sem rumo.  Este não é o assunto da peça "Dois palhaços e o seu circo itinerante". Mas bem poderia ser. Esta foi a história que uniu os dois atores há mais de dez anos para montarem este espetáculo de variedades. Viajaram e apresentaram o seu espetáculo em praças, bares e teatros. Depois cada qual seguiu o seu rumo. A dupla desapareceu e o espetáculo também. Mas eis que numa dessas peripécias do destino os dois atores se reencontraram - Vinicius Magueta e Leandro Paiffer e o espetáculo também voltou a cena. Teatro e vida se misturam.

“Dois palhaços e o seu circo itinerante” conta a aventura de dois artistas errantes que conversam e discutem acerca das coisas do mundo e da vida. No espetáculo há um pouco de tudo. Acrobacias, gags, brincadeiras, solilóquios... um quase circo, para dois quase palhaços.  Um espetáculo de variedades resultado do frescor da juventude.Nele a solidão dos jovens artistas estão expostas na cena. Brincam com as dores, as dúvidas, as certezas e outros causos. Algo como: “tudo passa” ou “a vida que segue”..."Ou será que a vida vai dar certo?" Pouco importa. Lá estão as duas personagens em cena enfrentando os moinhos da vida.

O espetáculo acontece no bar – O Complexo. A dupla resolve bem as interferências que acontecem no local. Afinal se trata de um espaço aberto. Sejam os clientes que chegam ou o barulho dos carros na rua. Tudo é incorporado ao espetáculo e o resultado dos improvisos: são gargalhadas. São necessários, todavia, alguns ajustes na estrutura do lugar. Por exemplo: o serviço precisa ser interrompido momentaneamente. Do mesmo modo como falta logo início da apresentação alguma indicação cênica para organizar a atenção do público para a cena. Nalgum momento, também, será necessário investir na iluminação.

Vinicius Magueta resolve bem as cenas. Faz piadas dos movimentos que a idade o impede de realizar. Brinca com o tempo vivido e traz a  cena boas interferências carregadas de humor ácido. Necessita ainda soltar-se mais na cena. O tempo e apresentações certamente farão isso acontecer. Já Leandro Paiffer é um ator com forte presença na cena e domínio do tempo cênico.  Constrói a personagem carregada de sutilezas e com um certo desdém desafiador e ao mesmo tempo displicente. Algo como: é muito fácil fazer isso em cena. Mas não o é. Sua interpretação consegue, num dado momento, nos transportar ao universo dos filmes de Chaplin.

“Dois palhaços e o seu circo itinerante” é diversão. Simples no sentido caipira de ser. Isto é:  singelo. Sem parafernália ou truques. Dois bons atores,  boas interpretações e boa diversão.


Serviço
O complexo
Av. São Francisco, 75