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Peruanos se reúnem para torcer por seleção na Copa em Sorocaba


O resultado final esteve longe dos 3 a 0 que o painel eletrônico mostrava antes da partida começar. Após 36 anos, o Peru estreou numa Copa do Mundo e -- com direito a requintes de crueldade pelo pênalti perdido por Cueva ainda na primeira etapa -- acabou superado pela Dinamarca. E se os 90 minutos foram de sofrimento para uma nação de mais de 30 milhões de habitantes, não foi diferente em Sorocaba, onde um grupo de peruanos que busca difundir sua cultura pelo Brasil se reuniu para acompanhar o tão esperado retorno de sua seleção a um Mundial.

O encontro não acontece por acaso: ele se dá no restaurante "Amor Sabor", de donos peruanos, localizado na avenida Moreira César, região central da cidade. O local, que habitualmente aos sábados oferece pratos da culinária do país vizinho (o que se repetirá nos dias em que a seleção atuar pela Copa) preparou a estrutura, com direito a telão, para receber a comunidade peruana. No cardápio, o tradicional ceviche é um dos carros chefe, mas também há espaço para outras porções e pratos, além das sobremesas e da chicha morada, um delicioso refresco feito com o curioso "milho roxo", reunindo o sabor de várias frutas.

Instalados em Sorocaba há 25 anos, os irmãos Ana Maria Abila e Manuel Abila idealizaram o restaurante há cerca de seis meses, depois de se aposentarem. A família chegou no Brasil há mais de quatro décadas e se acomodou inicialmente na capital paulista, onde também difundiu a culinária peruana. "Temos o gosto de mostrar a nossa cultura. Temos muita riqueza, folclore e história, por isso resolvemos trazer isso para cá também", conta Ana Maria, enquanto sofre a cada gol perdido nas inúmeras chances criadas pelos jogadores da "Blanquirroja" em Saransk. Com a mesma intensidade, ela reza para afastar o perigo que os nórdicos levavam à meta defendida por Gallese. Coincidentemente ou não, em um momento de distração dela, Poulsen foi às redes.

Manuel explica que além da comunidade peruana, os próprios brasileiros se mostram interessados na gastronomia trazida de fora. E, mesmo com um desconfiança inicial, aos poucos a aceitação aumenta. "O sorocabano vem um pouco com o pé atrás, mas depois de um tempo, passa a confiar e se eu dizer que vou trazer um tijolo peruano para comerem, eles querem provar", diverte-se. Confiante na sua gastronomia, reconhece que o resultado dentro de campo não agrada, mas projeta uma melhor sorte para a seleção de seu país no próximo confronto, diante da Austrália. Ainda assim, enaltece o bom momento histórico vivido por Paolo Guererro e cia. "O fato de estarmos na Copa já é uma vitória."

Se o espaço atrai também os brasileiros pela curiosidade, é claro que os peruanos são presença garantida. É assim que o jovem Luis Alberto Isuiza, de 22 anos, se sente em casa no ambiente e, sem tirar os olhos do telão, emociona-se ao ver pela primeira vez a sua pátria representada num Mundial. "Esperávamos por isso há muito tempo", diz. Lamentando a boa atuação do goleiro adversário, ele, que se divide na torcida entre Alianza Lima e Corinthians, mostra confiança para a sequência da competição e garante que a equipe não vai jogar a toalha.